Medicina Dentária no pós-pandemia é foco de trabalho em acesso aberto

Grupo de investigadores procurou evidências científicas que possibilitassem a segurança no reinício das atividades

LC
Lorena Caliman
20 maio, 2020≈ 4 mins de leitura

Diante da lacuna sobre as definições de segurança do exercício profissional em Medicina Dentária no contexto SARS CoV 2/Covid 19, um grupo de trabalho multi-institucional, cuja criação foi liderada pelo Centro de Investigação e Inovação em Ciências Dentárias (CIROS) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, desenvolveu um conjunto de Normas de Orientação Clínica (NOC) com foco no reinício das atividades dessa especialidade, considerada, no contexto da pandemia, uma das mais arriscadas na contaminação e disseminação da doença.

O grupo de investigadores COVID-19 MD procurou compilar na publicação, disponibilizada em acesso aberto e em três diferentes formatos, de forma sistematizada, a evidência existente sobre o tema e conferir maior robustez possível à decisão clínica do pré, per e pós consulta. A ideia é garantir e criar mecanismos que permitam o exercício profissional em segurança na perspetiva de regresso de suas atividades. O documento que resulta do trabalho é, por sua vez, uma contribuição científica que busca dilatar o conhecimento sobre o exercício profissional no contexto da pandemia da doença.

Para a criação das Normas, a equipa foi liderada por Fernando Guerra (Universidade de Coimbra) e António Duarte Mata (Universidade de Lisboa). O grupo de trabalho integra também a Unidade de Investigação em Ciências Orais e Biomédicas (UICOB) da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, e o BoneLab, Laboratório de Metabolismo e Regeneração Óssea da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Também participaram investigadores da Universidade Complutense de Madrid.

O Estudo

As Normas de Orientação Clínica utilizaram, na sua elaboração, a metodologia Rapid Guidelines on Covid 19, desenvolvida pelo National Institute for Health and Care Excellence.

Foram elencadas as perguntas importantes e sem resposta relativas aos momentos citados (pré, per e pós-consulta). Foi realizada pesquisa bibliográfica nas principais bases de dados e motores de busca, com foco na bibliografia existente, tanto sobre a Covid 19 quanto relativa a outras infeções como a influenza. Além da pesquisa nas bases de dados, foram contactados autores diretamente por e-mail, com o objetivo de localizar mais artigos, ampliando a pesquisa com o método snowball.

Foram avaliados mais de 30 mil resumos com informação potencialmente útil, sendo apurados 300 artigos de relevo, aos quais foram adicionados pela equipa 97 publicações localizadas na pesquisa manual e decorrente do contacto com autores. Desse total de 397, foi realizada uma reanálise sumária da qualidade das publicações, restando um lote final de 185 artigos que serviram de base de evidência para a construção das Normas.

As questões colocadas nas Normas de Orientação Clínica foram criadas com nível de evidência e força de recomendação, apesar das disparidades na qualidade das evidências encontradas ao longo da bibliografia. O resultado do trabalho possibilita identificar lacunas de conhecimento existentes e é útil tanto para a construção de protocolos de segurança para o exercício clínico, quanto para a identificação de áreas a investigar futuramente.

O grupo de trabalho formado continua a desenvolver projetos de investigação para o incremento da biossegurança na prática clínica Médico-Dentária, além da criação de outras parcerias individuais e com organizações nacionais e internacionais.

Saiba mais: https://www.covid19md.pt/.

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