Crianças e cientistas comunicam entre si em projeto de Ciência Cidadã

Programa engloba países de língua oficial portuguesa e pretende quebrar estereótipos

LC
Lorena Caliman
30 novembro, 2020≈ 3 mins de leitura

O envolvimento de crianças na descoberta sobre os processos de investigação científica está no cerne do projeto Cartas com Ciência. A iniciativa, inspirada no projeto americano Letters to a Pre-Scientist, é um spin-off da Native Scientist e promove a troca de cartas entre cientistas e crianças nos países de língua oficial portuguesa. A Universidade de Coimbra é parceira do projeto, que teve início a 5 de maio de 2020, Dia Mundial da Língua Portuguesa.

No centro dos objetivos do programa está a intenção de mitigar barreiras e preconceitos relacionados com o ensino superior e com as carreiras científicas. A troca de cartas deste primeiro ano de programa iniciou-se em setembro e segue até junho de 2021, em Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Em Angola e Moçambique, o programa arranca em fevereiro e segue até novembro de 2021. As inscrições para cientistas correspondentes encontram-se abertas e podem ser feitas neste link.

O modelo do programa está fundado em quatro pilares: Ciência, Educação, Língua e Sociedade. No pilar ciência, proporciona-se aos investigadores a experiência em comunicação científica, capacitando-os para estabelecerem relações mais significativas com a sociedade. Do ponto de vista educacional, tendo em conta que a maioria dos países de língua portuguesa está classificada como de rendimento baixo ou médio-baixo, o programa trabalha com professores e alunos para promover a literacia científica e linguística, as aspirações educativas e profissionais por meio de intercâmbios individuais e de longo prazo entre os alunos e os cientistas.

Do ponto de vista linguístico, está a promoção do português como língua de conhecimento e de oportunidades, de solidariedade e de cooperação entre os países de língua oficial portuguesa, uma vez que, para muitas crianças desses países, o português não é a língua materna. Por fim, no que respeita à sociedade, a ideia é ajudar a quebrar estereótipos em relação à ciência, aos cientistas e aos países em desenvolvimento, melhorando a forma como as sociedades encaram a educação, a ciência e a diversidade.

O projeto foi fundado por Mariana Alves, estudante de doutoramento do Laboratório Europeu de Biologia Molecular em Heidelberg e antiga aluna de Bioquímica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC), e Rafael Galupa, investigador do mesmo laboratório em Heidelberg.

Enquanto instituição parceira, a UC destacou, na semana passada, uma das experiências do programa em São Tomé e Príncipe: a troca de cartas entre a investigadora Maria do Céu Madureira, do Centro de Ecologia Funcional (CEF) da FCTUC e uma estudante (leia mais e assista ao video no Notícias UC).

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Cartas com Ciência - site oficial

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