O Ensino da Língua e da Literatura em discussão no arranque do Congresso

Isabel Almeida Santos e Antonino Silva abriram a Sessão 2 com a palestra “Português língua não materna (PL2): um recurso para a investigação e o ensino”. Os oradores, ambos professores da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, expuseram as principais características de um projeto que têm em curso, cujo objetivo é a “constituição de disponibilização de corpus oral de língua portuguesa não materna”. Através de um conjunto de questionários e entrevistas, os investigadores pretendem obter informações sobre a produção oral de aprendentes de português como língua estrangeira. O material sonoro que está a ser recolhido pode, depois, ser estudado sob várias perspetivas.

O objetivo é, pois, disponibilizar uma base de dados com gravações que registam o modo como aprendentes estrangeiros usam o português. Os dados foram recolhidos junto de falantes de várias nacionalidades, que dominam a língua com diferentes graus de proficiência. A comunidade científica poderá, assim, dispor de um instrumento que lhe permite, por exemplo, estudar aspetos de fonética, fonologia e prosódia (que o acesso simples aos materiais escritos não poderia proporcionar).

Júlio Taborda Nogueira foi o segundo a intervir. Afastando-se do género habitual da comunicação científica, o professor aposentado propôs-se ao auditório com uma “Carta para os meus alunos: reflexões sobre o ensino da língua e da literatura”. Num texto que convocou a sua experiência de décadas como professor, Júlio Taborda Nogueira refletiu sobre o lugar central que a literatura – e, em particular, a poesia – devem ocupar nos programas escolares em vários níveis de ensino. Referiu-se à importância de pensar a didática e a pedagogia – sem perder de vista que os atos de “ensinar e aprender” se fundam no trabalho quotidiano e continuado de aluno e professor.

A última intervenção prevista, de Xurxo Fernández Carballido, foi cancelada. O palestrante, que viria falar sobre “Pluralidade e diversidade linguística no processo de ensino e aprendizagem de Português Língua Estrangeira (PLE) no contexto galego”, viu-se impossibilitado de comparecer ao encontro.

A reflexão sobre O Ensino da Língua e da Literatura, no cruzamento entre Linguística e Estudos Literários, traduz um dos eixos centrais da discussão em torno no futuro da língua portuguesa.

Reportagem realizada por Mariana Oliveira, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.