Congresso internacional sobre soberania alimentar na FEUC

Evento, que reune 250 investigadores de 17 países, decorre entre quarta e sexta-feira, na Faculdade de Economia da UC

FF
FEUC
04 setembro, 2023≈ 5 mins de leitura

Nos últimos anos, as questões associadas à soberania alimentar têm adquirido uma relevância global. Contribuindo para encontrar as soluções necessárias, entre quarta e sexta-feira (6 a 8 de setembro) decorre na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) o congresso internacional Soberania Alimentar. Dinâmicas de produção e abastecimento na longa duração. No evento, vão estar reunidos 250 investigadores de 17 países para analisar historicamente as diversas dimensões dos problemas e, também, como as comunidades humanas os foram resolvendo.

“A soberania alimentar tem sido uma questão crucial para a Humanidade. É uma preocupação que atravessa tempos e geografias. As comunidades, os Estados ou os Impérios têm gerido a produção e distribuição de alimentos de forma distinta, ainda que nem sempre eficazmente. É importante conhecer as experiências do passado, para agir melhor no presente e no futuro”, salienta a historiadora Dulce Freire, professora da FEUC e membro da comissão organizadora do congresso.

O conferencista convidado é o investigador e ativista Peter Rosset, que tem estudado os mecanismos que favorecem a expansão da agroecologia – uma investigação focada nos processos de construção da soberania alimentar, nas condições da autonomia territorial camponesa e indígena, nos movimentos sociais de defesa da reforma agrária. Com longa obra publicada e experiência de ensino em universidades de vários continentes, Peter Rosset é atualmente professor no Colegio de la Fontera Sur (ECOSUR) no México. A conferência decorre na quinta-feira, dia 7, às 11h30, no Auditório da FEUC, e é aberta ao público.

O programa completo do congresso, com sessões plenárias e paralelas, mesas redondas, visitas de estudo e apresentações de livros, está disponível em https://congresso2023.ruralreport.seha.info/.

O acesso a bens alimentares tem sido, provavelmente, uma das inquietações humanas mais perenes. Historicamente, essas inquietações tiveram impacto na utilização dos recursos naturais, na configuração de redes comerciais, nas práticas culinárias, nas políticas públicas, na (des)agregação de comunidades, na invenção de ferramentas ou na seleção de sementes. Na FEUC exploram-se novos caminhos científicos para conhecer o passado, desde o ADN antigo e moderno, à Inteligência Artificial e aos Sistemas de Informação Geográfica.

Paralelamente, pode ser visitada no átrio de entrada da FEUC a exposição Paisagens Ideológicas. O tempo nas Colónias Agrícolas em Portugal, coordenada pelo arquiteto Pedro Namorado Borges. A construção de colonatos foi um dos programas rurais desenvolvidos pelo Estado Novo. Implantadas, sobretudo, no Norte e Centro do país, as casas e as infraestruturas agrícolas continuam a marcar a paisagem. Em 2021, com financiamento de um Projeto Exploratório do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20), uma equipa fotografou todos os núcleos destas colónias e fez pesquisa de arquivo. A exposição reflete a passagem do tempo, entre o projeto inicial e a atualidade. Concebida como itinerante, a mostra deverá ser apresentada proximamente em outros locais.

Este é o IV Congresso Internacional patrocinado pela Rede de História Rural em Português (integrada na Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais) e pela Sociedad de Estudios de Historia Agraria (Espanha). Realizados em 2016 (Lisboa), 2018 (Santiago de Compostela) e 2021 (Salamanca), estes congressos têm promovido o diálogo intercontinental e interdisciplinar. Os três dias de reunião na FEUC - co-organizada pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar e pelo Centro de Estudos Interdisciplinares da UC - prometem consolidar esses diálogos, que são essenciais para a inovação científica e para enfrentar os desafios atuais.

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