Uma avaliação do ensino e das suas práticas

No último dia do Congresso Internacional de Língua Portuguesa: uma Língua de Futuro a 10ª sessão paralela titulou-se “O Ensino da Língua e da Literatura”

04 dezembro, 2015≈ 4 mins de leitura

© UC | François Fernandes

A sessão “O Ensino da Língua e da Literatura” decorreu na Sala A do Convento de S. Francisco com a apresentação de quatro comunicações. Cássio Dalpiaz foi o primeiro a tomar a palavra e analisou o tema “Das naus aos navegadores da rede: sobre o ensino de língua e literaturas do português, para um encontro”. O licenciado em Língua Portuguesa e Literatura de Português pela Universidade Federal do Sul, no Brasil, lançou uma pergunta ao auditório “Se a Língua Portuguesa pode ser uma Língua de Futuro, que Futuro queremos?”. Para dar uma resposta à questão, o palestrante faz uma análise da história de Portugal e da sua expansão. Citando o Papa Francisco, Cássio Dalpiaz afirma que “os muros que nos dividem só podem ser separados se estivermos prontos para ouvir e aprender uns com os outros. [Isto] Requer que estejamos dispostos, não só a dar, mas também a receber dos outros”.

“Como se forma um leitor? Quando e como ler obras literárias na escola? Que itinerário constrói o leitor?” são as interrogações que deram início à comunicação de Celdon Fritzen, intitulada “O lugar da educação literária nas novas orientações curriculares: uma reflexão sobre os caminhos de Portugal e do Brasil”. O interveniente aplicou um “currículo para a construção do leitor” na pesquisa e observou que “há que fazer reconhecer aos estudantes que não há quotidiano sem história, sem o contacto com o outro, sem conversa”.

A dupla Filomena Viegas e Luís Filipe Redes trouxeram à discussão um projeto em fase de finalização com o tema “Propriedades do texto no ensino do português: um projeto de investigação-ação”. Os investigadores estão a avaliar os problemas dos alunos de 4º, 6º e 9º anos relativamente aos resultados dos exames. Os oradores focaram-se na progressão temática, coesão e coerência dos textos através da aplicação de instrumentos de avaliação. O professor Luís Redes afirmou que “os alunos, quando leem, não são capazes de compreender as relações entre os núcleos de uma história, a lógica de uma narrativa”. Filomena Viegas terminou a comunicação afirmando que “enquanto a política de ensino obrigar a certas coisas, os professores não têm espaço para aquilo que consideram bom para os alunos”.

No espaço aberto para as questões, Cássio Dalpiaz alertou que “só se aprende a escrever lendo e relendo e relendo”.

 

Reportagem realizada por Eva Oliveira, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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