Literatura e entoação na discussão da variedade linguística

O diálogo acerca da “Pluralidade e diversidade da língua portuguesa” justificou a Sessão 6 do segundo dia do Congresso Internacional de Língua Portuguesa: Uma Língua de Futuro.

03 dezembro, 2015≈ 3 mins de leitura

© UC | Karine Paniza

Temas circundantes da literatura, da entoação e da evolução linguística serviram para uma abordagem das muitas variedades do português, em comunicações de Aline Ponciano, Augusto Soares da Silva, Everton Machado e Joelma Castelo.

Aline Ponciano foi a primeira a intervir, com a apresentação de orações que contradizem a tradição gramatical e são “construídas sem vínculo a uma frase ou ideia principal”. Próprias da oralidade, estas orações dão a ideia do elemento principal da frase sem seja preciso mencioná-lo. No estudo da doutoranda em Língua Portuguesa, intitulado “A prosódia de orações ‘desgarradas’ em duas variedades do português”, a “entoação melódica” usada quando se diz estas frases pode “assinalar as diferenças e as semelhanças entre o português falado em Portugal e o do Brasil”.

A comunicação de Augusto Soares da Silva, professor catedrático de Linguística, explicou mais formas de “convergência ou divergência entre Português Europeu e Português Brasileiro”. A apresentação passou pela “relação evolutiva entre as duas formas do português” através da “análise de semelhanças em léxicos relacionados com o futebol e com o vestuário”. A conclusão retirada pelo orador é a de que há “pluricentrismo simétrico” entre as duas variedades linguísticas, mas o Português Brasileiro importa e adapta estrangeirismos mais facilmente.

Já Everton Machado analisou o uso literário do português durante a sua comunicação: “Em busca do português perdido – a literatura da comunidade luso-católica de Goa”. O investigador apresentou alguma “literatura indo-portuguesa” para exemplificar a “incorporação, pelas sociedades colonizadas, de dialetos originais, apesar da supremacia da língua portuguesa”. Esta “hierarquização linguística” revela a importância da discussão do “binómio colonizado-colonizador” para a “unificação e manutenção” da língua portuguesa.

“A entoação dos enunciados declarativos no português do Brasil” foi o nome da intervenção que fechou a sessão e que passou também pelas diferenças entre a língua do Brasil e o Português Europeu. Joelma Castelo, doutoranda em Linguística Portuguesa, abordou o tema da “variação entoacional” em diferentes regiões brasileiras do Norte e do Centro-Sul. Na apresentação, concluiu que as diferentes variedades da língua portuguesa têm “parâmetros de acentuação uniformes” para qualquer enunciado declarativo.

 

Reportagem realizada por Vasco Sampaio, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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