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O vinho e a lira

de Natália Correia

Esta obra é exemplo da verdadeira perseguição que a PIDE moveu à autora: não sendo das obras poéticas mais eróticas, nem tão crítica do Regime como outras, além do nulo valor literário (na opinião do censor), o seu «pior mal» foi anunciar obras da «maior inconveniência», publicadas pela mesma editora: o Kama Sutra, a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica e A Filosofia na Alcova, todas elas já proibidas.

PROIBIDO DE CIRCULAR (E NUNCA REEDITADO)

Ouve aqui o «Parecer» da PIDE, lido por Miguel Magalhães (A Escola da Noite)

Parecer que proibiu a obra, assinado pelo «leitor» Joaquim Palhares, em 6 de junho de 1966:

«Como a função destes Serviços não é de índole literária não cabe aqui a apreciação do valor literário desta obra que me parece nulo. Todavia há que assinalar as suas intenções e expressões que considero muito más.

Apresentam-se no decurso da obra expressões eróticas imorais, algumas expressas em termos escatológicos e insinuações de ordem política com tendência dissolvente, o que é suficiente para se propor a sua proibição de circulação no país.

Mas o pior mal está no desplante com que se anuncia neste livro a edição e a distribuição de livros da maior inconveniência anti-social, já anteriormente proibidos por estes Serviços, facto que a meu ver justificava uma severa punição.»