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Casa Sem Pão

de Maria Archer

A obra foi proibida aquando da sua publicação, em 1947, por ser considerada «imoral», vindo a ser autorizada, embora com cortes, só 12 anos depois.

O processo de censura neste caso foi complexo e o livro voltou várias vezes às mãos dos censores literários. De acordo com Ana Bárbara Pedrosa, «No caso de Maria Archer, parece-nos que a ação da censura teve um peso relevante. Graças a ela, a autora perdeu o seu meio de subsistência, tendo de viver mais de duas décadas fora de Portugal. Além disso, enformou-lhe a criação, já que teve de alterar a sua obra de forma que esta pudesse passar ilesa pela mão dos agentes censórios».

PROIBIDO POR «IMORAL»

Ouve aqui um dos «passos mais escabrosos» do romance, lido por Isabel Craveiro (Teatrão)

Um dos extratos assinalados no relatório do censor M. Rodrigues Carvalho:

«Os seus únicos brinquedos eram as bonecas. Bonecas que acalentava no colo, que vestia e despia, como se fossem bambinos. E às vezes, no quarto, às ocultas, as faces muito coradas, sentindo o sangue a circular vivamente, Adriana chegava a boca da boneca ao bico do seu pequeno seio.

Gustavo não sentiu a falta da mãe, porque Adriana o tomou nos seus braços maternos. O irmão passou a ser a sua boneca. Criava-o como se brincasse com ele. Mas também passava noites em claro ao pé do seu berço (…) não tardou que aquela menina de doze anos, bela e heroica, tivesse uma reputação de prodígio.» (p. 11).