REEFS - DISPOSITIVO INOVADOR QUE PRODUZ ENERGIA A PARTIR DAS ONDAS

22 junho, 2022≈ 4 mins de leitura

Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), no âmbito do UC MAR, desenvolveu um dispositivo inovador para converter a energia armazenada nas ondas do mar em energia elétrica.

Designado por REEFS, Renewable Electric Energy From Sea, que traduzindo significa energia elétrica renovável a partir do mar, resulta de oito anos de investigação desenvolvida no Laboratório de Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambiente do Departamento de Engenharia Civil (DC), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Este conversor de energia das ondas, já com patente internacional, é um dispositivo costeiro modular que fica totalmente submerso, invisível à superfície do mar. «É apoiado em pilares e o resto do fundo do mar fica livre para todo o tipo de processos marinhos», salienta José Lopes de Almeida, responsável do projeto. Sublinhando que é um dispositivo que «procura utilizar tecnologias que já existem, nomeadamente as turbinas de ultrabaixa queda que são aplicadas nos aproveitamentos mini-hídricos e que recentemente se tornaram competitivas em termos comerciais. É possível migrar essa tecnologia para o mar e aplicá-la precisamente para aproveitar os desníveis criados pelas ondas, que na nossa costa ocidental apresentam frequentemente alturas de 1 a 5 metros».

O investigador refere ainda que «o que o dispositivo faz é transformar o movimento alternado das ondas do mar num fluxo de água contínuo no interior do conversor REEFS. Esse fluxo, criado entre a crista e a cava das ondas, pode ser usado para acionar as referidas turbinas mini-hídricas de ultrabaixa queda».

Para além da inovação aplicada ao aproveitamento de energia, esta tecnologia contribui para mitigar a erosão costeira, uma vez que pode funcionar como um recife artificial, induzindo a rebentação precoce das ondas para assim retirar, logo à partida, alguma da sua energia antes que atinjam a linha de costa.

Agora seguem-se novos estudos e testes para que o dispositivo possa chegar ao mercado, esclarece o coordenador do projeto: «o conceito está provado. Demonstrámos em laboratório a transformação de toda a cadeia – desde a onda até à produção de energia elétrica. Contudo, para chegar à fase comercial, o dispositivo tem de ser otimizado e testado a escalas sucessivamente maiores até instalarmos um projeto piloto no mar, só depois é que poderemos passar à fase de comercialização da tecnologia».

José Lopes de Almeida considera que quando o produto estiver apto a ser instalado no mar, evoluirá em competitividade, como ocorreu com a energia eólica. «Do ponto de vista concorrencial, tem um potencial comparável ao da energia eólica, embora o mercado não seja tão abrangente, com a vantagem de não ter impacto paisagístico, proporcionar maior previsibilidade na produção e se localizar no litoral onde usualmente se concentra a maior parte da atividade económica».

Em clipping, veja o destaque dado ao projeto nos Órgãos de Comunicação Social.