Idanha

A aldeia histórica de Idanha-a-Velha: cidade, território e população na antiguidade (séc. I a.C. – XII d.C.)
Código da Operação: PTDC/HAR-ARQ/6273/2020

Duração

01/02/2021 - 31/01/2024

Apresentação

Área Científica: Arqueologia

Síntese do Projeto: Idanha-a-Velha (Idanha-a-Nova), uma das doze Aldeias Históricas de Portugal (https://aldeiashistoricasdeportugal.com/aldeia/idanha-avelha/), é o lugar central desta investigação. Situada num território interior, próximo da fronteira com Espanha, inscreve-se num concelho que apresenta a nível nacional uma das maiores taxas de envelhecimento e quebra populacional, abandono escolar e desemprego. Mas este encerra um grande potencial turístico em função dos seus recursos patrimoniais, com particular destaque para Idanha-a-Velha, hoje aldeia, mas outrora cidade capital (Época Romana), sede de bispado (Período Suevo-Visigodo) ou ainda centro Templário (Idade Média). Este lugar, onde hoje vivem 50 pessoas, foi possivelmente o mais importante do atual interior português, entre o Tejo e o Douro, ao longo de quase 1.200 anos, entre o Período Romano e a formação do Reino de Portugal. As marcas da sua herança cultural mostram que foi lugar privilegiado de encontro de povos e culturas distintas: sob um fundo indígena, cruzaram-no romanos, suevos, visigodos, muçulmanos e cristãos. Nesta aldeia permanecem importantes monumentos do seu legado histórico: fórum romano, muralha romana/medieval, ponte antiga, torre do castelo templário, igreja de Santa Maria e dois batistérios suevo-visigóticos. Hoje Idanha-a-Velha está classificada como Monumento Nacional.

A investigação proposta procura alargar a escala de intervenção de um projeto em curso, resultante de uma parceria entre a Universidade de Coimbra, a Universidade Nova de Lisboa, o Município de Idanha-a-Nova e a Direção Regional de Cultura do Centro. Centra-se no estudo da cidade antiga, do seu território e das suas populações, e projeta-se num quadro metodológico inovador, interdisciplinar e diacrónico: interdisciplinar porque articula diferentes investigadores/disciplinas, procurando uma visão integrada do passado; diacrónico porque se inscreve num tempo longo, desde a Época Romana (séc. I a.C.) à Idade Média (séc. XII).

Estrutura-se em 3 eixos de investigação: i) a cidade antiga: configuração das morfologias urbanas; ii) o território: da geografia política antiga ao mundo rural e à exploração dos recursos; iii) a população: dos hábitos do quotidiano a uma perspetiva genética sobre a sua origem e mobilidade. A cidade será objeto de um plano de escavações arqueológicas (complementadas por levantamentos Georradar e Laser Scan 3D), na área dos principais espaços públicos na antiguidade. Estas intervenções, já iniciadas, procurarão determinar o processo evolutivo urbano e o contexto histórico que o justificou, assim como as transformações sociais associadas. As escavações permitirão determinar tanto os contactos culturais e comerciais da cidade antiga, como os sucessivos cenários ambientais no decurso do Iº milénio da nossa era. As temáticas analisadas (fórum, muralhas, igrejas cristãs), face às lacunas que encerram, assumem grande relevância na investigação histórica peninsular. O estudo do território será feito de forma sistémica, centrado nas estratégias de povoamento e exploração de recursos. Recorrer-se-á a abordagens interdisciplinares que incluem tanto o recurso aos SIG e à teledeteção, como a trabalho de campo. Os espaços funerários conhecidos permitirão estudar a origem da população sob uma perspetiva genética, analisando movimentos migratórios, como seja a chegada dos povos bárbaros. A extração e sequenciação de ADN será realizada no Australian Centre for Ancient DNA, constituindo esta abordagem também um exemplo da participação do projeto em redes de investigação internacionais. O estudo dos materiais arqueológicos será feito também mediante o recurso a procedimentos analíticos da química, da biologia e de outras ciências laboratoriais. Este projeto promove a colaboração interdisciplinar entre as Ciências Humanas e Sociais, mas também com as Ciências Naturais, combinando perspetivas teóricas e metodológicas desenvolvidas no campo da arqueologia com outras utilizadas na geografia, física, biologia e antropologia. Os resultados serão publicados e apresentados em encontros científicos internacionais.

Uma outra dimensão fundamental deste projeto: a divulgação social do conhecimento e a valorização patrimonial. Importa envolver a população local, particularmente as escolas, em torno de um património que lhes pertence, contribuindo para o reforço da sua identidade e coesão social. Importa igualmente produzir conteúdos de divulgação direcionados para os turistas que procuram esta Aldeia Histórica. Os resultados obtidos devem contribuir para contar, de forma atualizada e acessível, a história de Idanha, assim como do seu vasto território, mediante também a sua inserção em redes que a articulem com outros lugares, territórios e comunidades. A produção de conhecimento novo e atualizado e a caracterização patrimonial detalhada, também poderá contribuir para valorização de um recurso patrimonial único, com potencial económico, e para um desenvolvimento sustentável.

Investigador Responsável na UC: Professor Doutor Pedro Jorge Cardoso Carvalho

Unidade Orgânica UC: FLUC

Instituições participantes no Projeto: Universidade de Coimbra, Universidade Nova de Lisboa (UNL)

Instituição Financiadora/Gestora: Fundação para a Ciência e Tecnologia

Programa de Financiamento: PTDC 2020 - Projetos de IC&DT em Todos os

Domínios Científicos

Período de execução: De 01/02/2021 a 31/01/2024 (36 meses)

Custo total elegível (EUR): 233.423,90 €

Apoio financeiro público nacional: 233.423,90 €

Técnico do Projeto: Miguel Barateiro

Contacto: 239247027