Projeto da UC disponibilizará recursos educativos abertos sobre Portugal e o Holocausto

Investigações "O Holocausto em português" e "MemoMarranos" receberam financiamento da FCT

LC
Lorena Caliman
19 março, 2021≈ 5 mins de leitura

A disponibilização de recursos educativos em acesso aberto sobre o Holocausto em português e a produção de conhecimento sobre os "marranos" em Portugal estão no centro de dois projetos da Universidade de Coimbra com financiamento recém-aprovado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Os projetos "O Holocausto em português: um repositório dinâmico de recursos educativos" e "MemoMarranos" terão duração de um ano e foram selecionados a partir do Programa Nacional em torno da Memória do Holocausto, programa de apoio especial a projetos de I&D lançado em 2020.

Recursos educativos em acesso aberto

O projeto cujo foco é a disponibilização de recursos educativos sobre o Holocausto em Português é coordenado pelo professor catedrático aposentado da FLUC e diretor do Centro de Estudos Sociais (CES), António Sousa Ribeiro. O repositório a ser desenvolvido no âmbito do projeto deverá funcionar "como um arquivo dinâmico diretamente apto a ser apropriado como recurso educativo em português", conforme descreveu António Sousa Ribeiro ao Notícias UC. A ideia é, com o projeto, preencher uma lacuna no que diz respeito aos recursos educativos disponíveis no campo do ensino do Holocausto em português, tendo em conta as recomendações e práticas internacionais e as "Recomendações para o Ensino e a Aprendizagem do Holocausto" emitidas pelo Ministério da Educação de Portugal.

O repositório será estruturado como um guia, que irá proporcionar acesso a ampla documentação, e oferecer orientação sistemática para a produção de conteúdos e de estratégicas adequadas a cada contexto particular por parte de professores e agentes educativos.

Investigação colaborativa sobre os portugueses "marranos"

O outro projeto da UC aprovado no Programa de apoio especial com foco na memória do Holocausto em Portugal é o "MemoMarranos", coordenado pelo investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20) e professor da FLUC, João Paulo Avelãs Nunes. A área de atuação do projeto é uma "investigação colaborativa que promova as melhores práticas de intercâmbio de conhecimentos", conforme descrição disponível na página da FCT. Em termos práticos, ele pretende "identificar a documentação relevante para a produção e a divulgação de mais conhecimento científico sobre a evolução, desde o início do século XX até aos nossos dias - com destaque para os anos 1930 e para o período do Holocausto - dos portugueses classificáveis como 'marranos'", informou Avelãs Nunes. Aquele grupo de portugueses, explica o investigador e professor, seriam cidadãos descendentes dos "judeus" (até 1496) e dos "cristãos novos" (séculos XVI a XVIII) lusos que teriam perdido o contacto com o essencial da cultura sefardita [a cultura judaica da Península Ibérica] e com outros segmentos da Diáspora Judaica.

O projeto dedicar-se-á a identificar e caracterizar a "documentação oral (de memória e de pós-memória), escrita (manuscrita e impressa), gráfica, audiovisual e material, relevante", como destacou o coordenador do projeto.

No total, os dois projetos receberão cerca de 66 mil euros para o seu desenvolvimento.

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