Multilinguismo e ciência aberta: como a plataforma GoTriple pode ajudar nas traduções científicas

A coordenadora científica do projeto Translations and Open Science, Susanna Fiorini, apresenta cinco casos de utilização para a plataforma

LC
Lorena Caliman
13 março, 2023≈ 6 mins de leitura

A tradução científica é uma das maneiras através das quais a comunidade académica, em especial das Ciências Sociais e Humanidades, consegue colocar em prática o princípio do multilinguismo. Por conta disso, projetos como o Translations and Open Science, que faz parte da infraestrutura OPERAS, estão a ser desenvolvidos no intuito de proporcionar maior apoio à tradução — no caso do projeto citado, com o auxílio de motores de tradução automática. Outra iniciativa que está a ser desenvolvida no âmbito da infraestrutura OPERAS — e é coordenada pela Universidade de Coimbra — é o protótipo de um serviço de tradução colaborativa para as Ciências Sociais e Humanidades. Esta iniciativa faz parte do projeto OPERAS-PLUS e tem também colaborado com o Translations and Open Science, para explorar sinergias e complementaridades.

Criada para ser um ponto central de acesso único para a descoberta de artefactos de investigação para as Ciências Sociais e Humanidades (CSH), a plataforma GoTriple é ainda outra iniciativa, decorrente dos esforços de mais de 20 parceiros na Europa, que explora o multilinguismo e a multiculturalidade na sua essência. O serviço de descoberta GoTriple, já disponível na sua versão final, é o principal resultado do projeto TRIPLE, que teve duração de 36 meses e chega ao seu fim no dia 31 de março de 2023. Para explorar as diferentes maneiras como a GoTriple pode dar apoio às traduções científicas, a coordenadora científica do projeto Translations and Open Science, Susanna Fiorini, escreveu um artigo (originalmente em francês e traduzido para o inglês) onde aborda três casos de utilização da GoTriple como forma de dar apoio às traduções. Além de introduzir os diferentes casos, com exemplos e imagens, a publicação procurou identificar sinergias entre os dois projetos (TRIPLE e Translations and Open Science).

Em destaque, estão três casos de utilização:

1. A possibilidade de extrair terminologia de vocabulários disciplinares da GoTriple para serem refinados, convertidos e importados para ferramentas de tradução assistida. Os dados podem ser descarregados desta ligação para a plataforma Semantics, que contém outros recursos lexicais abertos potencialmente interessantes. Embora ainda haja margem para melhorias, 3.375 termos traduzidos em várias línguas através da GoTriple continuam a ser um ponto de partida significativo, em particular para aqueles que procuram formar e especializar-se na tradução científica, especialmente nas ciências humanas e sociais.

2. A pesquisa de documentos de referência para criação de corpus especializado em línguas selecionadas (o material disponível na GoTriple está disponível em 11 línguas europeias). A GoTriple torna possível efetuar pesquisas multilingues e assim encontrar publicações numa determinada língua, utilizando palavras-chave numa das línguas suportadas. Isto significa que ao procurar um termo em espanhol, é possível encontrar publicações que contenham o mesmo termo não só na língua da pesquisa, mas também noutras línguas. Embora possa parecer trivial explicar a um especialista em tradução quão útil tal recurso pode ser, a demonstração dos casos de utilização feita no artigo ajuda a introduzir métodos e práticas de trabalho a não-especialistas, estudantes ou peritos disciplinares que desejem envolver-se no trabalho de tradução, entre outros.

3. A possibilidade de colaboração interdisciplinar (e também multicultural e multilingue) entre investigadores, especialistas e tradutores das diferentes áreas do campo das Ciências Sociais e Humanidades, através da ferramenta de perfis públicos da GoTriple. As oportunidades de trabalho em rede e de colaboração, bem como a valorização profissional, são de facto urgentemente necessárias, de acordo com os intervenientes envolvidos nos processos de tradução científica. A GoTriple poderia ajudar a satisfazer estas necessidades através das suas funcionalidades, tais como a criação de contas e perfis de utilizadores, a atribuição de publicações aos autores, a possibilidade de se ligar e comunicar facilmente com peritos disciplinares (e peritos linguísticos), o sistema de anotação de documentos, etc. Em tal cenário, um editor ou um autor que deseje ter uma publicação traduzida ou revista poderia ter acesso a um diretório de perfis especializados, com a sua perícia e história do projeto visíveis com apenas um clique.

Além de apresentar detalhadamente os casos de utilização aqui brevemente referidos, Susanna Fiorini aborda as limitações da plataforma, contribuindo com sugestões de próximos passos no desenvolvimento da ferramenta na comunidade das CSH na Europa.

Leia o artigo completo:

Francês - Blog do projeto Traduções e Ciência Aberta

Inglês - Blog da infraestrutura OPERAS

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