Projeto da Universidade de Coimbra desenvolve ferramentas de IA para apoiar formadores na criação de materiais educativos

O "SmartEDU" tem como principal finalidade apoiar transmissores de conhecimento (professores e formadores) no momento da criação de testes de avaliação e de slides para apresentações, pretendendo que esta solução aumente a eficiência deste tipo de processos e reduza o tempo despendido na preparação de conteúdos.

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Sara Machado - FCTUC
05 julho, 2023≈ 4 mins de leitura

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Por forma a dar resposta aos desafios que advêm do uso generalizado de novas tecnologias nos sistemas de educação e formação, uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu ferramentas de inteligência artificial (IA) para acelerar o processo de criação de materiais educativos.

Denominado “SmartEDU – Smart assistant for generating educational questions and presentations”, este projeto tem como principal finalidade apoiar transmissores de conhecimento (professores e formadores) no momento da criação de testes de avaliação e de slides para apresentações, pretendendo que esta solução aumente a eficiência deste tipo de processos e reduza o tempo despendido na preparação de conteúdos.

«Neste trabalho explorámos diferentes formas de automatizar a criação de testes a partir de documentação com os temas abordados em formações/cursos, ou seja, a plataforma gera uma lista de perguntas baseadas na matéria lecionada e no caso das perguntas de escolha múltipla gera também as várias opções certas e erradas», explica Hugo Gonçalo Oliveira, investigador do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC) e docente no Departamento de Engenharia Informática (DEI) da FCTUC. «Esta ferramenta pode ser aplicada a qualquer cenário de educação, estando funcional em português e inglês», revela.

A geração de slides, baseada também em conteúdos programáticos, é outra das utilizações desta plataforma criada com o contributo do CISUC. «Em vez do formador começar a apresentação do zero, tem um sistema que vai identificar os tópicos principais dos documentos, sugerindo uma sequência de slides com esses assuntos da matéria», descreve o investigador.

Este trabalho, iniciado em 2021, foi desenvolvido para permitir aos docentes terem mais tempo para os estudantes. «Se o professor perder menos tempo a criar testes e a preparar apresentações poderá dedicar mais tempo a interagir com os alunos e a preparar as aulas», realça Hugo Gonçalo Oliveira, esclarecendo que, «desde o início, era intenção da equipa que a plataforma fosse usada para acelerar a produção de conteúdos, mas também que os seus resultados fossem sempre validados por humanos», conclui.

A plataforma estará disponível para o público em geral, mas a sua utilização terá um custo associado. Os clientes da Mindflow – Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Lda., empresa proponente do projeto, contratam normalmente um serviço que inclui a "gamificação" dos seus conteúdos. Assim, ao contratar esse serviço, os clientes ficam com acesso à plataforma em que o SmartEDU está a ser integrado. No entanto, muitas vezes, é a própria empresa a usar a plataforma de maneira a desenvolver jogos e, a partir de agora, também os slides, de acordo com o pedido do cliente.

O SmartEDU, projeto financiado com quase meio milhão de euros pela Agência Nacional de Inovação (ANI) através dos programas CENTRO 2020 e P2020, foi desenvolvido em copromoção com a empresa Mindflow, a UC e o Instituto Pedro Nunes (IPN).