Primeiro Congresso Docomomo Portugal vai ser em Coimbra

O evento é organizado pelo Docomomo Portugal e pelo Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

11 outubro, 2025≈ 2 mins de leitura

O 1.º Congresso Docomomo Portugal - Ensino, Reuso e Transformação da Arquitetura e Cidade Modernas vai ter lugar nos dias 20 de outubro, 09h30 às 13h00, e 21 de outubro 09h30 às 12h30 / 16h30 às 17h30.

O congresso procura destacar estratégias de intervenção conduzidas no património arquitetónico, nos conjuntos urbanos e na paisagem modernos em Portugal e é fruto de uma organização conjunta Docomomo Portugal e Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. A entrada é livre.

Mais informações em https://www.docomomo.pt/.

O Movimento Moderno foi a principal conceção arquitetónica do século XX, transformando de forma inédita o ambiente construído em todo o mundo. Quando os arquitetos pioneiros começaram a explorar a relação entre novos modos de vida e as possibilidades inovadoras da construção, abriram caminho para a arquitetura contemporânea, orientados por ideias visionárias de forma, espaço, tecnologia e responsabilidade social.
Mais de 100 anos depois das primeiras obras do Movimento Moderno, muitos dos seus valores foram reavaliados, adaptados ou até rejeitados. No entanto, o espírito original, profundamente ligado às bases da sociedade contemporânea, mantém-se válido. Após um período de desvalorização, os valores do Movimento Moderno estão a ser redescobertos e reinterpretados por novas gerações. O caminho de uma arquitetura moderna reavivada tem sido retomado e transformado em algo novo e relevante, através de ações de reabilitação.

Hoje, muitos edifícios modernos perderam as suas funções originais ou enfrentam necessidades urgentes de reparação. O desafio atual é encontrar formas de preservar este património num contexto em constante mudança, marcado por transformações físicas, económicas e funcionais, além de fatores sociais, políticos, climáticos, geográficos e científicos.

A modernidade é agora reconhecida como património mundial e vista como uma ferramenta de desenho sustentável, um método de projeto e uma peça chave para o futuro da arquitetura e dos debates culturais. Temas como a reutilização de materiais, transformação espacial e funcional, ou a atualização de normas, são cada vez mais importantes na agenda contemporânea. Para além do restauro e da conservação, a renovação e o reuso adaptativo começam a "fazer história", através do reconhecimento de que o património se transforma connosco.

Preservar o património arquitetónico do século XX exige que reconheçamos tanto a oportunidade quanto a obrigação de repensar a paisagem, os conjuntos urbanos e reutilizar edifícios que perderam a sua função, estão obsoletos ou não cumprem os exigentes padrões atuais. As discussões atuais focam-se em temas como o restauro físico, a necessidade de transformação espacial ou funcional e o cumprimento dos requisitos contemporâneos de conforto e segurança, no quadro da sustentabilidade ambiental. Este processo implica avaliar o valor das estruturas existentes e ponderar a sua relevância social, económica e ambiental. As intervenções requerem, assim, um equilíbrio entre análise técnica e sensibilidade artística, que exige um entendimento profundo da história do edifício, um conhecimento exaustivo da sua vida útil e dos seus usos ao longo do tempo, bem como uma avaliação cuidada dos materiais e técnicas utilizadas na construção.

Em Portugal, existem exemplos notáveis de intervenção no património moderno, como o restauro das Piscina das Marés de Leça de Palmeira, a renovação do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a reabilitação do Cinema Batalha e a recuperação da Casa das Marinhas. Contudo, há muitos outros exemplos menos conhecidos que também merecem destaque.

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