O sonho de documentar o processo SAAL resulta em doação ao Centro de Documentação 25 de Abril

Arquiteto Alexandre Alves Costa doa 3.500 diapositivos que retratam o projeto de reabilitação habitacional iniciado após a Revolução dos Cravos.

AB
Ana Bartolomeu
KP
Karine Paniza
18 outubro, 2022≈ 2 mins de leitura

© UC | Karine Paniza

São cerca de 3.500 diapositivos que o arquiteto Alexandre Alves Costa doou ao Centro de Documentação 25 de Abril. O arquiteto integrou a Comissão Coordenadora do SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) durante os anos 70 e retratou o processo de reabilitação urbana na região do Porto.

“Os diapositivos foram feitos por ele, com a sua máquina fotográfica”, conta o Diretor do Centro de Documentação 25 de Abril, e “têm a ver com os percursos que fez”. “Não estamos a falar apenas de edifícios”, esclarece Rui Bebiano, ”estamos a falar também de pessoas, de encontros, de debates”.

O SAAL foi criado após a Revolução dos Cravos. O projeto pretendia melhorar as condições habitacionais da população mais desfavorecida “numa tentativa de resolver um problema que, para aquela época, era muito grave e muito generalizado”, lembra Rui Bebiano.

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Eis o que pode fazer:

Esta é a terceira doação por parte do arquiteto Alexandre Alves Costa. A primeira foi nos anos 90, na altura em que o professor José António Bandeirinha, “talvez o primeiro a estudar o SAAL”, preparava a tese, lembra a coordenadora técnica do Centro de Documentação 25 de Abril, Natércia Coimbra. “Aí foram sobretudo as facetas de ativista do arquiteto Alexandre Alves Costa que ficaram mais representadas. Foram oferecidas monografias, publicações periódicas e também vieram algumas fotografias.”

Em 2020, o arquiteto Alexandre Alves Costa “veio entregar um conjunto muito interessante de pósteres e cartazes feitos artesanalmente”. O arquivo continha também comunicados e boletins de comissões de moradores que relatam a situação em que as pessoas viviam. “Há ali uma voz individual e coletiva que retrata muito o ambiente de intervenção, do querer agarrar a sua própria vida, e transformar para melhor”, explica Natércia Coimbra.

As doações são a concretização de “um sonho” do arquiteto Alexandre Alves Costa. “A organização prévia destas imagens era muito importante para também documentar, informar e ilustrar as obras” que o arquiteto tencionava escrever. Neste momento, já estão publicados quatro livros, de uma coleção que se prevê que chegue aos onze volumes.

“Temos aqui um conjunto de documentos e registos de informação muito importantes para quem quer estudar, tanto do ponto de vista da economia social, da arquitetura como também do ponto de vista artístico e estético”, conclui Natércia Coimbra.

Parte do espólio vai estar disponível online, mas o arquivo completo pode ser consultado no Centro de Documentação 25 de Abril.

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