Mulheres da UC na Ciência: Maria João Feio

A investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Maria João Feio, é a convidada de março da rubrica Mulheres da UC na Ciência.

AB
Ana Bartolomeu
MC
Marta Costa
04 março, 2024≈ 3 mins de leitura

© UC l Ana Bartolomeu

Depois de uma infância cheia de “vida ao ar livre” e de uma “ótima professora” na escola secundária, Maria João Feio decidiu seguir os estudos na área da Biologia. No decorrer da licenciatura, e aliado às muitas horas passadas no rio a praticar canoagem, ganhou interesse pela especialidade de ecologia das águas doces.

Hoje é investigadora no Departamento de Ciências da Vida na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. Maria João Feio dedica-se à “avaliação ecológica dos rios”. O seu trabalho tem em vista não apenas analisar a qualidade da água, mas também “a qualidade do ecossistema e a sua capacidade para albergar um conjunto de espécies que lá devem existir”, explica.

Nos dias de hoje, o cenário português é semelhante ao do resto do mundo, onde “cerca de 50% das massas de água não atingem o bom estado ecológico”. A construção de barragens, a artificialização das paredes do rio e a invasão por espécies exóticas são os fatores mais visíveis nos rios portugueses. A estes acrescenta-se a poluição da água por indústrias, agricultura e esgotos urbanos que, segundo a investigadora, “é até dos impactos mais fáceis de resolver”.

Para recuperar os ecossistemas de água doce é preciso “trabalhar na sensibilização das populações e dos decisores políticos” e demonstrar que “o custo-beneficio vai valer a pena”. Este trabalho já tem vindo a ser desenvolvido através do projeto “CresceRio” que começa junto da comunidade escolar do 1.º ciclo. “Trabalhamos com uma turma de cada vez, desde o 1.º ao 4.º ano, e fazemos visitas de campo às ribeiras da cidade” para dar a conhecer a importância dos ecossistemas ribeirinhos urbanos.

Com o mesmo sentido, Maria João Feio lidera o projeto internacional “OneAquaHealth – Protecting Urban Aquatic Ecosystems to Promote One Health” que procura demonstrar que a qualidade nos ecossistemas de água doce tem impacto na saúde humana.

A investigação assente nos rios tem suscitado "um maior interesse nos investigadores mais jovens", revela. Apesar do crescimento, é uma matéria que, na opinião da investigadora, merece um maior investimento e um maior destaque nos cursos de biologia.

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Maria João Feio licenciou-se em Biologia em 1996 e tornou-se mestre em Ecologia no ano de 1999 pela Universidade de Coimbra. Seguiram-se o doutoramento em Biologia (2005), a especialização em Ecologia pela UC (com o Environment Canada) e dois pós-doutoramentos entre a Universidade de Coimbra e Universidade de Canberra, Austrália (2005-2009), e Universidade de Lyon, França (2009). Foi ainda investigadora da Academia de Ciências Austríaca entre 1998-99, na Estação Biológica alpina de Lunz am See. Coordenou 18 projetos de R&D nacionais e internacionais. Esteve ainda envolvida na implementação da Diretiva Quadro da Água em Portugal e na região mediterrânica em colaboração com a Agência Nacional do Ambiente.

Atualmente coordena o grupo de investigação em Freshwater Ecology, MARE UC. As principais áreas de investigação são a ecologia de água doce, avaliação ecológica dos rios, ecologia aquática urbana, serviços do ecossistema, One Health, sustentabilidade das cidades, modelação ecológica preditiva e educação ambiental.

É também coordenadora do OneAquaHealth (Horizon Europe; 2023-26), um projecto multidisciplinar que envolve 13 parceiros de dez países europeus, e é focado na relação entre a saúde dos ecossistemas aquáticos urbanos e a saúde humana. Tem um forte interesse na transferência de conhecimentos para a sociedade e na sensibilização ambiental. Nesse contexto, coordena o projeto CresceRio desde 2018, já na sua 3ª edição, focado no envolvimento das comunidades escolares e em particular dos alunos do 1º ciclo no conhecimento e promoção da reabilitação de ribeiras urbanas através de saídas de campo, atividades laboratoriais e teatro.

Defende um ambiente seguro e justo na ciência, e é fundadora do Grupo Género & Ciência da Associação Ibérica de Limnologia, criado em 2014 e vencedor do prémio “Contribuição para a Diversidade e Inclusão” da Associação Espanhola de Ecologia Terrestre, 2022. O grupo tem-se dedicado a compreender e reduzir as disparidades de género na Ciência e na área da Ecologia.