Língua e Literatura unem-se no ensino

A 7º sessão do Congresso Internacional da Língua Portuguesa: uma Língua de Futuro explorou o tema “O Ensino da Língua e da Literatura”

03 dezembro, 2015≈ 3 mins de leitura

© UC | François Fernandes

“A poesia da língua no ensino do português” conduzida por Conceição Pereira, iniciou o painel de discussão sobre “O Ensino da Língua e da Literatura”. A oradora analisou o tema através da avaliação de poemas lecionados entre o 1º e o 12º ano de escolaridade. “Inicia-se a aprendizagem da poesia como música, já que se enfatiza a ligação da poesia com o som; a musicalidade da poesia é um modo de aprendizagem didática” destaca Conceição Pereira. Partindo desta noção, a oradora atribuiu à poesia noções de “literatura como memória, música e matriz de uma língua”. Como tal, a interveniente entende que a “aprendizagem da leitura está intrinsecamente ligada à poesia: desde que se ensina a ler, ensina-se a ler poesia”.

Ainda no campo do ensino, surgem três oradoras – Maria Marçalo, Maria Fonseca e Ana Silva – que falam sobre “O ensino do Português como Língua Estrangeira no ‘foco francês: contributos para a sua história”. Durante a sessão, as intervenientes fazem uma “reflexão sobre o modelo metodológico do género ou subgénero gramaticográfico, segundo Swiggers”. Para isto, analisaram o público-alvo, o autor e a forma de descrição num paralelismo entre a gramática de António Vieira, datada de 1768, e a gramática de Sané, datada de 1810. Na conclusão, as palestrantes consideraram que a Grammaire de Sané constitui uma tradução francesa, ainda que abreviada, da gramática portuguesa escrita em inglês de António Vieira.

“A linguagem literária ao longo do tempo: um estudo comparativo entre a primeira edição de “Conto de escola” de Machado de Assis, de 1884, com a versão ilustrada de 2005″ foi a comunicação proferida por Wendel Christal que encerrou esta sessão. O orador mostrou à audiência o texto de Machado de Assis publicado no jornal Gazeta de Notícias em 1884 para estabelecer a diferenciação entre este e o livro publicado em 2005, ilustrado por Robson Araújo. Wendel Christal expõe ainda algumas alterações aplicadas no livro como a própria mudança do suporte do jornal para o livro, a alteração de um público adulto para um público mais infantil e a utilização de um texto verbal mais claro e expressivo. O palestrante ressalta também a ilustração em si, já que as cores são uma forma de relatar a história. “A ilustração não é redundante e permite leituras plurais e a construção autónoma do leitor”, termina.

 

Reportagem realizada por Eva Oliveira, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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