Doutoramento Honoris Causa na UC é com louro

A tradição ainda é o que era e a Via Latina enche-se de ramos de louro sempre que é dia de Doutoramento Honoris Causa na Universidade de Coimbra.

MC
Maria Cano
KP
Karine Paniza
17 junho, 2025≈ 2 mins de leitura

© UC | Hugo Faria

Os mais atentos já devem ter reparado que nos dias em são atribuídos Doutoramentos Honoris Causa na Universidade de Coimbra (UC), a Via Latina está enfeitada com folhas de louro.

A tradição não é nova e tem a sua razão de ser. “Há 28 anos que exerço este papel de enfeitar a Via Latina com louro” porque o “louro é o símbolo da Ciência”, explica António Parreiral, responsável por manter vivo este costume antigo.

A trabalhar na Biblioteca Geral da UC, António Parreiral aceitou o desafio de aprender este trabalho com o seu antecessor, que o convidou antes de se reformar.

Sempre que há um Doutoramento Honoris Causa na UC, António Parreiral vai até ao Jardim Botânico da UC (JBUC) no dia antes e, com o jardineiro-chefe do JBUC, identifica o loureiro em questão. “Depois vou cortar 1500 pontas para o enfeite”, processo que demora 20 a 30 minutos.

Depois de atados os ramos de louro é altura de seguir de carrinha para a Via Latina. Faça chuva ou faça sol, o segredo é atar tudo muito bem. “A técnica disto é prender bem o ramo à grade para que não caia”, explica. O processo de colocar os ramos no gradeamento da Via Latina demora cerca de uma hora e meia.

Para perceber a importância e o simbolismo do loureiro, precisamos de recuar até à cultura greco-romana. Basta pensarmos que nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, na Grécia, os vencedores recebiam uma coroa de louro, como símbolo da vitória e da excelência. Mas também poderíamos ter dito os laureados, ou seja, os que foram agraciados com a coroa de louros.

Segundo o jornal francês Le Monde, há quem defenda que a palavra bacharelato, com origem no latim, está ligada aos laureados, ou seja, coroados com louro.

A verdade é que esta é uma tradição simbólica que faz parte da história da Universidade de Coimbra. “Esta tradição é feita há muitos anos e é uma pena perder-se”, diz António Parreiral. E deixa um pedido: “Faço um apelo a quem queira aprender, que eu ensino com todo o gosto, a fazer este tipo de trabalho”.

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