FLUC acolhe quatro novos professores catedráticos
Maria de Lurdes dos Anjos Craveiro, Ana Alexandra Ribeiro Luís, Frederico Maria Bio Lourenço e Ana Teresa Fernandes Peixinho de Cristo tomaram posse a 22 de julho, na Sala do Senado.
É com “honra” e “gratidão” que quatro docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) assumiram esta terça-feira, 22 de julho, as suas novas funções e responsabilidades como professores catedráticos.
“Mais do que júbilo pessoal, há motivos de natureza institucional que tornam esta cerimónia particularmente marcante, já que esta é a primeira cátedra de Ciências da Comunicação na Universidade de Coimbra (UC)”, salienta Ana Teresa Peixinho. Professora na FLUC desde 2001, Ana Teresa Peixinho vê esta tomada de posse como “o corolário de anos de trabalho, de estudo e de dedicação à minha Faculdade de Letras”, apesar de nem sempre isso ser suficiente para atingir a categoria mais elevada da carreira universitária: “Todos sabemos que o subfinanciamento crónico do Ensino Superior e da ciência em Portugal tem afetado profundamente o funcionamento das universidades, impossibilitando, por exemplo, que outros com igual ou superior mérito perfaçam a regular ascensão nas suas carreiras.”
No mesmo sentido, seguiu o discurso de Lurdes Craveiro que, apesar de considerar a carreira docente no Ensino Superior “uma travessia estimulante”, alerta para as dificuldades que a mesma enfrenta, como a “asfixiante escassez de recursos humanos, o excesso das obrigações administrativas e burocráticas e as dificuldades na progressão das carreiras”, que tornam a academia "um lugar de não escolha". Ao atingir a categoria de professora catedrática, Lurdes Craveiro considera que “a crença firme nos valores de respeito pelo outro e pela sua integridade terão de ser, agora com responsabilidade acrescida, a pedra angular de uma visão sustentável e em equilíbrio, que entenda os imperativos da investigação e da construção científica como um bem social da máxima importância.”
Agradecimentos a familiares, amigos, colegas e, em particular, a mentores foram transversais nos discursos proferidos. Frederico Lourenço revela a sua admiração pelos livros e artigos de Helena da Rocha Pereira, desde o primeiro ano como estudante universitário. “O facto de tomar posse como catedrático no ano em que vamos celebrar o centenário de Helena da Rocha Pereira é para mim a mais feliz das coincidências”, admite. Frederico Lourenço destaca ainda o “forte sentido de grupo” que existe nos três ciclos de Estudos Clássicos e “a classificação de excelente” atribuída recentemente ao Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, tecendo elogios à sua coordenadora, Carmen Soares, e ao Vice-Reitor da UC, Delfim Leão.
“Ser professora catedrática é um cargo que implica dever, o primeiro dos quais passa por imaginar caminhos novos para o papel social e crítico que cabe à Universidade”, considera Ana Luís. A docente alerta que, para isso, são precisos ”meios, recursos, condições e, certamente, uma escuta mais atenta”. Com um percurso profissional dedicado à linguística, Ana Luís defende que, nos dias de hoje, a linguística “serve de alicerce à ciência de dados, aos motores de pesquisa, aos tradutores automáticos e, claro, à inteligência artificial”, permanecendo, por isso, uma área central “numa Universidade comprometida com o pensamento, com a comunicação e com a construção de sentido nas sociedades digitais.”
A cerimónia de tomada de posse foi presidida pelo Reitor da UC, Amílcar Falcão, que parabenizou os novos catedráticos, recordando que este "não é o culminar da carreira", no sentido de finalizar o trabalho, mas sim "de atingir o ponto mais alto". "O que se espera é diferente do que faziam anteriormente", defende. É aos professores catedráticos "a quem mais se pede que ajudem internamente e externamente a cumprir o desígnio da Universidade que é, de uma forma proativa, flexibilizar e promover o pensamento e a liberdade de expressão sobre os mais diversos assuntos”, concluiu Amílcar Falcão.