Cientista da UC vence Prémio BIAL de Medicina Clínica com trabalho de investigação sobre autismo

O trabalho de Miguel Castelo-Branco, premiado com 100 mil euros, representa uma visão de 15 anos de percurso na investigação básica e clínica na área do neurodesenvolvimento, em particular no autismo.

08 fevereiro, 2023≈ 4 mins de leitura

Miguel Castelo-Branco, docente da FMUC e coordenador científico do CIBIT/ICNAS.

© All rights reserved

Miguel Castelo-Branco, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e coordenador científico do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra (UC), é o vencedor do Prémio BIAL de Medicina Clínica 2022, com a obra “Os desafios da Neurodiversidade: um percurso na área da medicina personalizada e de investigação no autismo”.

O trabalho, premiado com 100 mil euros e atribuído pela Fundação BIAL, representa uma visão de 15 anos de percurso na investigação básica e clínica na área do neurodesenvolvimento, em particular no autismo, influenciada pela história pessoal do autor, pai de um jovem com esta condição, com responsabilidades associativas e federativas.

Alicerçada na procura de biomarcadores e novas terapias, a investigação teve como foco os conceitos chave de Neurodiversidade e Medicina Personalizada. O conceito de Neurodiversidade aplicado à Medicina, em particular ao autismo, mostra que, apesar das semelhanças entre indivíduos, o nosso cérebro transporta marcas únicas que levam a manifestações biológicas e do comportamento muito diferentes, originando a necessidade de tratamentos diferenciados e ajustados a cada pessoa, isto é, Medicina Personalizada.

Com esta visão da “molécula ao homem”, ligando a biologia molecular, imagiologia cerebral e neurociência cognitiva, foram realizados diversos ensaios clínicos, usando fármacos, mas também terapias não farmacológicas com base científica, sobretudo interfaces homem-máquina e jogos imersivos, para tentar melhorar aspetos como o reconhecimento de emoções, a regulação emocional e a ansiedade no autismo.

«O trabalho confirmou que para compreender e reabilitar melhor o autismo é preciso ter em conta marcadores neurobiológicos que permitam caracterizar melhor a Neurodiversidade, de forma a concretizar abordagens de Medicina Personalizada e de Precisão, tendo sido crucial o trabalho de equipas multidisciplinares», explica Miguel Castelo-Branco.

Para o presidente do júri do Prémio BIAL de Medicina Clínica 2022, Manuel Sobrinho Simões, «o trabalho vencedor reflete um percurso de vida dedicado à investigação, alicerçado na história pessoal do autor, que contribuiu substancialmente para a compreensão da dualidade saúde/doença, permitindo o desenvolvimento de tratamentos personalizados de forma a melhorar competências sociais e de regulação emocional no autismo».

O júri do Prémio BIAL de Medicina Clínica 2022 atribuiu ainda duas Menções Honrosas, no valor de 10 mil euros cada uma, a estudos nas áreas dos Tumores Cerebrais e da Hipertensão Arterial.

A cerimónia de entrega do Prémio BIAL de Medicina Clínica 2022 decorreu ontem, dia 8 de fevereiro, e contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Pode rever a cerimónia aqui.