UC celebra Camões: da primeira publicação de "Os Lusíadas" às recriações digitais do legado camoniano
O programa geral das comemorações na Universidade de Coimbra dos 500 anos de Luís de Camões foi apresentado a 9 de janeiro, a par da inauguração da exposição Camões 500.
Quinhentos anos depois da data provável do nascimento (c. 1524/1525) de Luís de Camões, a Universidade de Coimbra (UC) celebra o legado intemporal do poeta. Após a abertura oficial das comemorações do V Centenário, a 10 de junho de 2024, numa “dimensão sobretudo performativa”, é agora apresentado o programa geral das celebrações na UC, com atividades focadas na “vertente científica-pedagógica e formativa”, revela o Vice-Reitor para a Cultura e Ciência Aberta, Delfim Leão.
Estão previstos debates com especialistas que estudam diferentes tópicos da vida e obra camonianas, encontros com as personalidades galardoadas com o "Prémio Camões" e a criação de uma "plataforma de referência" que agrega vários materiais sobre o poeta. Delfim Leão destaca ainda o congresso, de dimensão internacional, sobre o ensino de Camões no século XXI, "porque não podemos ensinar Camões da mesma forma que se ensinava antes". O evento é uma oportunidade de "perceber o que se faz noutros países com autores semelhantes, como Dante, Cervantes, Shakespeare" e partilhar ferramentas com professores e bibliotecários que enfrentam "o desafio de, todos os anos, motivarem milhares de alunos para lerem obras de Camões".
“O país precisa de comemorar Camões” reitera o comissário-geral das comemorações dos 500 anos de Camões, José Augusto Bernardes. Assinalar o V Centenário "não é uma exigência do poeta, é uma necessidade nossa". O comissário-geral considera que a UC desenvolveu "um programa vasto, equilibrado e articulado para celebrar Camões enquanto poeta do século XVI, que chega aos nossos dias vivo". José Augusto Bernardes destaca também a importância de adaptar o ensino das obras camonianas aos dias de hoje. "Os portugueses encontram-se com Camões na escola, e é necessário identificar boas práticas de ensino e levar Camões ao jovens de uma forma rejuvenescida".
Para o Reitor da Universidade de Coimbra, "a UC não podia deixar de se associar às celebrações dos 500 anos de Luís Vaz de Camões, que passou por Coimbra e faz parte da componente imaterial da Universidade classificada pela UNESCO como Património Mundial". Amílcar Falcão garante que a UC "estará sempre na linha da frente para apoiar estas comemorações e tornar ainda mais reluzente a obra de Camões."
Perante uma sala cheia, o diretor da Biblioteca Geral da UC (BGUC), Manuel Portela, apelou a refletir Camões e “no significado que a obra e a figura têm para quem lê”. “O que foi Camões? O que será Camões? Camões morreu?”, são algumas das questões levantadas, em jeito de poema, pelo responsável na abertura da apresentação do programa de comemorações.
A cerimónia decorreu na Sala de São Pedro da BGUC, onde se encontra patente, até 10 de junho de 2025, a exposição CAMÕES 500. Com curadoria de Paulo da Silva Pereira e Filipa Araújo, CAMÕES 500 está organizada em quatro núcleos temáticos, permitindo ao público uma oportunidade única de compreender Camões como figura imortal, enquanto explora suas múltiplas facetas e impacto cultural.
"Temos uma dimensão bibliográfica que seria inevitável porque temos que mostrar aquele que é o espólio na Universidade de Coimbra, onde Camões terá estudado", começa por destacar Filipa Araújo. Na dimensão iconográfica, a exposição procura "focar alguns aspetos que ainda hoje são alvo de investigação", como a sua permanência na Índia, na ilha de Moçambique, e "alguns temas que importa trazer a debate, como a questão das mulheres em Camões." O terceiro núcleo temático da exposição é dedicado "ao amplo movimento editorial de divulgação de textos camonianos a leitores em idade infantil e juvenil". Por último, o núcleo das recriações digitais "é sem dúvida o elemento diferenciador da nossa exposição", considera Filipa Araújo. O público é convidado a "recriar a obra e dar-lhe novas vertentes" proporcionando uma experiência única, que lhe permite aos visitantes "fruir da obra de Camões ao interagir com ela."
Depois de inaugurada a exposição CAMÕES 500 e apresentadas as linhas gerais do programa de comemorações na UC dos 500 anos do Nascimento de Luís de Camões, seguiu-se o concerto de música quinhentista O Tempo Bom Tudo Cura: A Música nos Cancioneiros Portugueses do Século XVI, na Capela de São Miguel da Universidade de Coimbra. Com as interpretações de André Ferreira (órgão e baixo), Maria Bayley (harpa e soprano), Teresa Duarte (Viola da gamba e soprano), o concerto recriou o ambiente musical da época de Luís de Camões, recuperando peças dos quatro cancioneiros quinhentistas portugueses hoje conhecidos (os cancioneiros de Belém, de Paris, de Elvas e de Lisboa).
Conheça aqui o programa completo das comemorações dos 500 anos do Nascimento de Luís de Camões.