A Língua a passear por Cabo Verde, Angola Brasil

A nona sessão paralela do Congresso de Língua Portuguesa foi dedicada à "Pluralidade e diversidade da língua portuguesa"

04 dezembro, 2015≈ 3 mins de leitura

© UC | François Fernandes

Um passeio por Cabo Verde e Angola e pelo Brasil dos séculos XVI e XX aconteceu na sala C do Convento de São Francisco, às 14h30 do segundo dia do Congresso Internacional de Língua Portuguesa: Uma Língua de Futuro. Sob o tema “Pluralidade e diversidade da língua portuguesa” a nona sessão de Comunicações contou com Hans-Peter Heilmair, João Muteteca Nauege, Michele Schiffler e Rogério Canedo.

“A promoção da língua portuguesa em Cabo Verde. Ameaça ou elemento estabilizador para a identidade cabo-verdiana?” é a questão colocada por Hans-Peter Heilmair. O orador explica como “o crioulo começa a desfazer-se por se apropriar de demasiadas formas portuguesas”. Porque é o “cerne da identidade cabo-verdiana”, é necessário evitar esta “descriolização” e apoiar o este idioma ao mesmo tempo que se distingue o português.

João Muteteca Nauege trouxe à discussão as diferenças entre as variedades do português, com exemplos da Variante do Português de Angola Em Formação. Esta não é ensinada nas escolas e tem “caraterísticas próprias” que resultam da mistura das regras das outras “línguas locais” com o português. Seria importante o “estabelecimento de limites para utilização destas regras no português”, segundo argumenta o orador da comunicação “Reflexões sobre norma e variação do português de Angola”.

Michele Schiffler, por sua vez, apresentou uma tradição da região brasileira de Espírito Santo em “Dialogismo e identidade em comunidades linguísticas afro-brasileiras”. Ticumbi é uma “performance cultural encenada” que recorda uma “cerimónia de libertação de escravos africanos”. Através da apresentação de excertos deste teatro tradicional, a autora mostrou a “responsabilidade social como uma forma diferente de ensinar a língua portuguesa”.

Rogério Canedo fechou a sessão ao apresentar um “romance brasileiro que explica a história do Brasil dos séculos XVI e XX”. “A língua portuguesa nas suas variantes epocais: dois tempos linguísticos no romance histórico O Tetraneto Del-Rei, de Haroldo Maranhão” foi o nome da comunicação. Com este livro, que “perverte a teoria do género do romance histórico”, Rogério explicou como a utilização de “linguagem do século XVI pode aproximar o leitor da história”.

 

 

Reportagem realizada por Vasco Sampaio, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Partilhe