O Edifício.

Antiga Escola Tipográfica, atualmente é Classificado como Património Mundial da UNESCO.

18 janeiro, 2022≈ 2 mins de leitura

A profunda reforma operada pelo Marquês de Pombal na Universidade de Coimbra, cujos novos estatutos foram entregues em 1772, levara à remodelaçãoe edificação de novos espaços físicos, de cariz científico e cultural, para auxiliar os vários serviços académicos existentes nas várias faculdades e gabinetes de estudo, contando-se entre eles a Real Oficina da Universidade.

As origens da primeira imprensa universitária remontam ao século XVI quando, em 21 de Março de 1548, D. João III outorgou o alvará para a contratação dos primeiros técnicos impressores para a Real Oficina da Universidade. Outras importantes imprensas académicas foram sendo fundadas ao longo dos tempos, como a do Real Colégio das Artes, sob tutela dos Jesuítas, e a do Mosteiro de Santa Cruz.

Em resposta às necessidades e exigências pedagógicas que se impunham ao tempo da Reforma Pombalina, o Marquês de Pombal decidiu a incorporação das maquinarias provenientes daquelas casas religiosas na imprensa universitária.

A 11 de Outubro de 1772, o monarca concedia plenos poderes ao Marquês de Pombal para este proceder à entrega do colégio da Companhia de Jesus à Universidade, com a excepção da igreja e do flanco sudoeste, cedidos ao Cabido de Coimbra. Com esta transferência ficava a igreja catedralícia sob tutela da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra e o claustro, agora devoluto, propriedade da Universidade.

Considerado o espaço propício para a instalação da nova tipografia académica, D. Francisco de Lemos, a 17 de Outubro de 1772, procedeu à aquisição dos terrenos contíguos à área claustral para a instalação adequada das oficinas.
O projecto arquitectónico para o novo edifício, revelador de um rigor e simetria próprias do neoclassicismo vigente, seria traçado pelo engenheiro militar Guilherme Elsden e os seus colaboradores Teodoro Marques Pereira da Silva e Inácio José Leão.Concluídas as obras em Outubro de 1773, logo no ano seguinte seriam impressas as primeiras quatro publicações.

Em 9 de Janeiro de 1790, D. Maria I outorgava o alvará régio que permitia a criação do primeiro regimento da Real Imprensa da Universidade, igualmente conhecida como Tipografia Académica e que se tornaria famosa pela impressão de centenas de tratados e dissertações científicas e culturais.

Ao fim de 162 anos era regulamentada a sua extinção com o Decreto-Lei nº 24.440, de 29 de Agosto de 1934, sendo a sua vasta e antiga herança integrada no património da Imprensa Nacional de Lisboa.

O edifício ficaria em completo abandono até 1945, data em que foi instalado o Instituto de Coimbra, organismo criado em 1852, ligado aos estudos das ciências morais e sociais, às ciências físico- matemáticas e às belas-letras e artes, recebendo para tal obras de revalorização e remodelação.

Ao fim de 54 anos a Imprensa da Universidade foi reactivada e instalada no edifício que ocupara anteriormente, hoje partilhado com alguns serviços da Faculdade da Direito da Universidade de Coimbra.

Caracterização artística e arquitectónica

O edifício da Imprensa iria ocupar uma vasta área, ainda hoje perceptível, e estava enquadrado pelo Colégio de Santa Rita (a sul), a rua da Ilha, casas do Cabido e habitações particulares (a poente), a antiga sé (a norte) e a rua do Norte (a nascente).

As obras de maior volume iriam concentrar-se na área claustral e no edifício, de dois andares, com pequeno pátio, virado para a via pública.

A fachada principal é dotada de portal encimado de frontão triangular simples, idêntico ao da actual porta exterior do claustro da Sé, e está ladeado de cinco janelas de cada lado, no piso térreo, por onze janelas no segundo piso e doze óculos ovais no último.
O topo do edifício é rematado por urnas, sendo as das extremidades de maiores dimensões.

Os interiores deste edifício principal foram sendo alterados consoante as necessidades e funções dos serviços que albergaram ao longo dos tempos,
permanecendo ainda uma escadaria de aparato que dava acesso ao pavimento alto do claustro, onde se encontravam as oficinas da Imprensa.

Do espólio da antiga Imprensa, hoje propriedade da Universidade, existem inúmeras gravuras de cobre, vinhetas e chapas, dois prelos, um depositado na Biblioteca Joanina e outro no Museu Nacional da Imprensa do Porto, e avultada documentação no Arquivo da Universidade de Coimbra.

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