Descobertos musgos fósseis com cerca de 110 milhões de anos na região de Torres Vedras

SM
Sara Machado
05 janeiro, 2024≈ 3 mins de leitura

Imagem de filídeos de Chlorosphagnum cateficense do Cretácico de Catefica. Escala = 500 µm (a, b)

© DR

Um grupo internacional de cientistas, do qual faz parte Mário Miguel Mendes, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), identificou a ocorrência de musgos fósseis na flora de Catefica, Torres Vedras, com aproximadamente 110 milhões de anos.

Esta descoberta está descrita no estudo “Fossil mosses from the Early Cretaceous Catefica mesofossil flora, Portugal – a window into the Mesozoic history of Bryophytes”, publicado na revista Fossil Imprint.

«Trata-se de uma temática nova, pois a fossilização de musgos é um processo extremamente raro. Ao que se sabe, em Portugal, nunca haviam sido reconhecidos musgos fósseis até ao momento. Estes são os primeiros», revela o investigador do MARE e coautor do estudo, explicando que «os musgos pertencem ao grupo dos briófitos e embora, muitas vezes, passem despercebidas, estas pequenas plantas desempenham um papel crucial nos ecossistemas, contribuindo para a estabilidade e sustentabilidade dos habitats».

Ao contrário do que acontece com as plantas vasculares (mais evoluídas), «os musgos não apresentam sistema condutor diferenciado, pelo que, não possuem verdadeiras raízes, caules e folhas, mas sim rizoides, cauloides e filídeos. O registo fóssil dos briófitos é parco e fragmentado, pois a sua fossilização só se realiza em condições muito especiais devido, fundamentalmente, à fragilidade dos seus tecidos», descreve Mário Miguel Mendes.

De acordo com o investigador da FCTUC, a combinação de técnicas de microscopia eletrónica de varrimento e de microtomografia de raios-x por radiação de sincrotrão permitiu descrever detalhadamente sete novas espécies e seis géneros atribuíveis, de forma inequívoca, a quatro ordens atuais: Sphagnales, Polytrichales, Diphysciales e Dicranales, demonstrando a sua existência, pelo menos, desde o Cretácico.

O estudo, realizado em colaboração com investigadores da Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, República Checa e Suécia, pode ser consultado no seguinte link: http://fi.nm.cz/en/clanek/fossil-mosses-from-the-early-cretaceous-catefica-mesofossil-flora-portugal-a-window-into-the-mesozoic-history-of-bryophytes-2/.

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