/ Testemunhos

Luís Baía

Data scientist na empresa Farfetch, 2015


- Onde fez o seu ensino secundário e porque escolheu estudar Matemática na UC?
Fiz todo o ensino básico e secundário em Coimbra, e decidi, na altura, estudar Matemática por se tratar dum tema muito lógico e racional com uma aplicabilidade cada vez mais forte no mercado.


- Que memória guarda dos anos que estudou na UC?
Um curso rigoroso, trabalhoso, exigente mas seguramente o que melhor prepara um aluno que procura, num futuro relativamente próximo, usar, criar e manipular modelos ricos e sofisticados para a resolução de problemas quer num contexto de investigação quer num contexto empresarial. Um elevado número de professores muito competentes, com muito conhecimento e uma forte aptidão pedagógica.


- Qual foi o seu percurso depois de estudar na UC?
Um ano e meio após a conclusão da licenciatura em Matemática na UC, finalizei o mestrado em Engenharia Matemática na Universidade do Porto, ao mesmo tempo que trabalhei no Millenium BCP, no uso de modelos Semi-Markovianos para uma modelação rica do comportamento do cliente em termos de (in)cumprimento do crédito ao consumo. Estes modelos requerem um forte conhecimento inter-disciplinar matemático, assim como capacidade de programação para criar e optimizar código. Entretanto, comecei a trabalhar na Farfetch. A razão da saída de Coimbra teve por base a necessidade de sair e ganhar alguma experiência fora da terra natal, assim como as características deste mestrado adequarem-se mais ao meu interesse (relativamente ao mestrado que era oferecido na altura na UC).


- Que importância teve para o seu percurso profissional a formação matemática que adquiriu no DMUC?
Uma aprendizagem fortemente teórica é muitas vezes criticada. Em Coimbra, a formação é efectivamente mais neste sentido, mas é absolutamente crucial para quem quer ser capaz de manipular e usar com todo o potencial qualquer ferramenta matemática na resolução de algum problema. No mundo empresarial há dois caminhos possíveis para um matemático: Um trabalho mais mecânico e repetitivo, usando ferramentas já implementadas para a resolução de problemas simples, ou um trabalho que exige fazer uma modelação de raíz o mais rica possível, que tipicamente requer um conhecimento profundo de vários conteúdos diferentes matemáticos. Para mim, que procurava o segundo tipo de trabalho, foi estritamente crucial ter frequentado o curso de matemática em Coimbra.