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Porque deve avaliar a concentração de radão nos solos?
O Tratado Euratom (Comunidade Europeia da Energia Atómica) e a Diretiva 2013/59/Euratom, do Conselho Europeu, estabelecem normas básicas de segurança para proteção contra os perigos decorrentes da exposição a radiações ionizantes para trabalhadores e o público em geral.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o radão como um dos poluentes do ar doméstico com maiores impactos à saúde. O radão é um gás radioativo que emana do solo e/ou das formações rochosas que servem de substrato às fundações dos edifícios, bem como dos materiais de construção, penetrando no interior dos edifícios através de poros e fissuras. Na ausência de sistemas de ventilação adequados, o radão acumula-se no interior dos edifícios, podendo atingir concentrações significativas, que representam um elevado risco para a saúde humana.
Estudos recentes sobre o radão na Europa, América do Norte e Ásia indicam que até 14 % dos cancros de pulmão diagnosticados podem ser atribuídos ao radão, sendo o radão a principal causa de cancro de pulmão entre os não fumadores.
A prevenção da exposição ao gás radão é a forma mais fácil e económica de colmatar o risco de exposição ao radão, por ser mais fácil e económico aplicar medidas preventivas em novas construções comparativamente a medidas de remediação em edifícios existentes.
Dado que a principal fonte de radão são os solos e materiais rochosos que servem de fundação aos edifícios, a medição da concentração de radão nos solos é essencial para avaliar o potencial de produção de radão dos solos, comummente designado por potencial de radão geogénico.
O potencial de radão geogénico[1] é dado pela razão entre a concentração de radão nos solos e a permeabilidade, sendo necessárias determinações de ambas estas variáveis para uma correta avaliação do risco. Quanto maior a concentração de radão de radão nos solos ou a permeabilidade, maior o potencial dos solos em gerar radão que poderá acumular-se no interior dos edifícios.
[1]Neznal et al. (2004). The new method for assessing the radon risk of building sites. Czech Geol. Survey Special Papers, 16, Czech Geol. Survey, Prague, p. 47. http://www.radon-vos.cz/pdf/metodika.pdf.
Como é determinado?
Para medir a concentração de radão nos solos, é necessário colher uma amostra do ar contido nos poros do solo. Para tal, realiza-se uma sondagem por furação à rotação com um diâmetro máximo de 2 cm e por forma a atingir uma profundidade de pelo menos 80 cm (idealmente de 1 m).
É inserida uma sonda no furo de sondagem, à qual é acoplada uma bomba. A parte superior do furo é posteriormente isolada, de modo a evitar a diluição da concentração de radão nos solos por ar atmosférico.
Procede-se à colheita da amostra de ar, que é transmitida diretamente para o equipamento de medição, que procede à determinação da concentração de radão nos solos.
O resultado final da concentração de radão nos solos é obtido através da média da concentração de radão medida durante um determinado período.
A permeabilidade pode ser determinada in situ recorrendo a equipamento especializado, ou estimada em laboratório.
Vantagens da técnica
A técnica desenvolvida pelo LRN tem as seguintes vantagens:
- É não invasiva;
- Aplicável a solos ou rocha muito alterada;
- Aplicável em zonas de difícil acesso;
- Permite a medição simultânea de radão e torão e a estimativa da permeabilidade para o mesmo local;
- Permite a obtenção de resultados expeditos (no local, durante a medição).
Que fatores influenciam?
São vários os fatores que influenciam a concentração de radão nos solos, quer na quantidade (1), quer na facilidade (2) com este que é libertado para o meio ambiente a partir do solo. Os fatores determinantes são:
- A concentração de atividade do isótopo rádio-226 (1);
- O coeficiente de emanação de radão (2);
- Porosidade e permeabilidade do solo (2);
- O grau de humidade do solo (2);
- As condições meteorológicas, nomeadamente a temperatura, precipitação, pressão, velocidade e direção do vento (2).
Quanto maior a concentração de atividade do isótopo rádio-226 ou o coeficiente de emanação, maior a concentração de radão nos solos. O radão migra nos solos através dos poros e fissuras que o constituem, pelo que quanto maior a porosidade e a permeabilidade, maior a probabilidade do radão em alcançar a superfície.
A relação entre a concentração de radão e as condições meteorológicas é complexa, variando em função da interação entre as diferentes variáveis (temperatura, pressão, velocidade do vento, etc.). Por este motivo, é fundamental medir a concentração de radão nos solos sob condições meteorológicas estáveis, de forma a obter resultados representativos.
Controlo de Qualidade
A garantia da qualidade dos resultados assenta na realização de ensaios de intercomparação laboratorial (EIL) de medição de radão em solos, na calibração e verificações periódicas dos equipamentos de medição.
Ensaios de intercomparação laboratorial (EIL)
Desde a sua fundação, o LRN já participou em diversos ensaios de intercomparação laboratorial internacionais. A participação mais recente ocorreu a 20 de setembro de 2021, na República Checa, onde decorreu a edição 2021 do RIM (Radon Intercomparison Measurements at Radon Reference Sites in the Czech Republic). O RIM contou com a participação de 20 organizações/laboratórios distintos e consistiu na realização de 20 medições em 2 locais de referência (Cetyne e Buk), caraterizados por níveis de concentração de radão nos solos distintos (baixos e elevados, respetivamente). O LRN obteve um bom desempenho, tendo obtido resultados equivalentes aos restantes participantes.
Calibração e Verificações periódicas
A calibração dos equipamentos de medição é feita nas instalações do fabricante, após o período recomendado pelo fabricante. Esta calibração é rastreável a padrões internacionais, nomeadamente aos padrões PTB (Alemão) e NIST (EUA), e resulta num certificado de calibração.
Os equipamentos de medição são ainda objeto de verificações periódicas do seu estado de funcionamento, quer através da comparação dos resultados obtidos por outros equipamentos do LRN, quer através da participação em ensaios de intercomparação laboratorial de medição de radão usando métodos ativos e passivos. Destaca-se aqui a participação no ensaio de intercomparação realizado em setembro de 2018 nas instalações do NRPI (na República Checa), no âmbito do curso de formação em Monitores Ativos de Gás Radão organizado pela Agência Internacional de Energia Atómica em colaboração com o Governo da República Checa.
