"CONVERSAS ABERTAS", 22/03/2024, pelas 18h00, com o palestrante Prof. Doutor Pedro Proença e Cunha (DCT-FCTUC)

Irá decorrer no próxima dia 22 de março de 2024, pelas 18h00, no Arquivo da Universidade de Coimbra, inserirdo no programa "Conversas Abertas", uma palestra dirigida pelo Prof. Doutor Pedro Proença e Cunha intitulada: "A MIKVEH DA BAIXA DE COIMBRA (~1360 a 1496): contribuição da geo-arqueologia para o conhecimento da comunidade judaica medieval".

Uma multidisciplinar equipa de investigação competente em Geo-Arqueologia e História de Arte, liderada pela Universidade de Coimbra, obteve dados relevantes sobre o contexto geológico, bem como sobre a arquitectura e a idade da construção da mikveh (banhos rituais judaicos de purificação) situada na Baixa de Coimbra.
Localiza-se no interior de uma gruta, com uma nascente perene alimentada pela circulação cársica no maciço dolomítico da Alta Coimbrã.
No interior da mina de água, lateralmente junto ao tecto, identificámos e datámos um nível silto-argiloso cinzento, contendo conchas de bivalves, bem como fragmentos de ossos de animais de alimentação não judaica e de cerâmicas utilitárias. Este nível estratigráfico inédito é muito relevante, pois marca a deposição de lixo alimentar da comunidade cristã do local, anterior à construção da mikveh. Assim, a datação por C14 determinou que esta mikveh foi construída em ~1360, quando o rei obrigou que a comunidade judaica abandonasse a Judiaria Velha (onde tinha uma ancestral sinagoga associada a uma mikveh) e fosse edificar uma nova Judiaria (a do Arrabalde ou de Sansão), imediatamente a NW do Mosteiro de Santa Cruz.
Identificámos um notável conjunto de estruturas hidráulicas e de banho, construídas numa cavidade cársica com uma nascente de água permanente, com características típicas de uma mikveh associada à vivência da comunidade judaica de Coimbra, no período entre ~1360 e finais de 1496 (data do edital para a reconversão forçada ao Cristianismo ou de expulsão).
Identificaram-se outros elementos materiais e construtivos de épocas mais recentes, que resultam das sucessivas ocupações do prédio.