Performances

Performances will take place at TAGV - Teatro Académico de Gil Vicente (https://goo.gl/maps/urexTdexSGbVQAhk7). TAGV website: https://tagv.pt/

Please check the Program for the schedule of performances.


ELO 2023 Performances

Nos dias 12 e 14 de julho de 2023, a “ELO Conference 2023 - Overcoming Divides: Electronic Literature and Social Change” migrará por algumas horas para um palco. Este festival multimédia de performances, que terá lugar no Convento São Francisco (sala C2A – sala Mondego) e no Teatro Académico Gil Vicente, reunirá em palco vários artistas, mostrando a estreita ligação entre literatura eletrónica e artes performativas. Focando-se nos mesmos temas sugeridos pela ELO Conference 2023, os artistas abordarão questões sociais e ambientais, envolvendo o público num evento que apela à reflexão e à ação.

Se pretender assistir à conferência, por favor inscreva-se aqui.

Todas as performances foram avaliadas por uma Comissão Artística. Os organizadores da ELO2023 gostariam de agradecer a esta comissão e aos artistas que aceitaram partilhar as suas performances connosco. Gostaríamos também de agradecer à Blue House, ao presente director do TAGV (Sílvio Santos) e antigo diretor do TAGV (Fernando Matos de Oliveira), assim como à equipa do TAGV, por todo o apoio técnico.

Organizadores: Daniela Côrtes Maduro, Manuel Portela, Alex Saum-Pascual, Rui Torres.

Colaboração: Isabel Campante, João Rui, João Silva (Jorri).

Artistas que participam nestes eventos: Adam Vidiksis, Aidan Walker, Ana Caballero, Caitlin Fisher, Carolina López, Christian Bök, Daria Petrova (Convento São Francisco), Ismael Faro, J. R. Carpenter, Jacob Hall, Jules Rawlinson, Lillian-Yvonne Bertram, Marcos De La Fuente, Mariel Martínez, Mark Marino, Nick Montfort e Ryan Veeder (Convento São Francisco), Ottar Ormstad (Convento São Francisco), Roderick Coover, Sasha Stiles, Terhi Marttila, Yan St-Onge


12 July 2023, TAGV, 9:30 p.m.


THE FLOODS: A generative and combinatory sound-image-text performance
Roderick Coover (Temple University), Adam Vidiksis (Temple University), Nick Montfort (MIT)

THE FLOODS submerge os espectadores num caleidoscópio de futuros climáticos, misturando não-ficção, escrita computacional e som. A experiência visual baseada em código é filmada por Roderick Coover. A performance musical acontece ao vivo com o som eletrónico do baterista compositor Adam Vidiksis, e com o texto generativo do poeta computacional Nick Montfort.

Imagens filmadas acima e abaixo da linha da água na costa Atlântica, na costa mediterrânica, no Mar do Norte e no Canal da Mancha retratam transformações terrestres humanas e não humanas, movimentos, infraestruturas, inundações e faróis que se transformam através de camadas, colagem, montagem e operações baseadas em código. A música ao vivo e o design de som de Adam Vidiksis acentua a colisão de ritmos naturais e industriais e o poder das forças irracionais, evocando futuros imaginados por meio de sequências oníricas, movendo-se entre realidades superficiais e submersas e senciência. Um texto generativo tenta descrever condições que são fundamentalmente incipientes – perda, saudade, extinção. A experiência desdobra-se em movimentos sempre mutáveis ​​para sugerir escolhas, narrativas e significados.

Arcos estruturais no código transportam os espectadores através de experiências de observação, transformação, saudade, perda e possibilidade. À medida que lugares aparentemente familiares se transfiguram, a obra sugere que o aumento do nível das águas não muda apenas os lugares, mas também impacta memórias, desejos, sonhos e linguagem.


Overflow
Yan St-Onge (Artist/Independent researcher)

Overflow é uma performance cujo objetivo é criar a sensação de um evento catastrófico. A inundação de um rio é uma metáfora para o mundo em transformação por causa da crise climática do Antropoceno. Durante a performance, a própria linguagem é afetada, transformada em poesia sonora e visual, perdendo gradualmente as suas capacidades semânticas. Os atos de escrever e de desenhar surgem interligados.

Usando poesia visual digital ao vivo e fala, todo o processo mostra a vulnerabilidade de uma performance, onde a possibilidade de errar é intrínseca à abordagem. Diversamente da literatura tradicional, escrever e desenhar nesta configuração digital são ações efémeras que não produzem artefactos. A escrita digital, sendo feita ao vivo em modo WYSIWYG, adquire transitoriedade idêntica à da fala.

A leitura em francês e inglês evolui para uma poesia sonora experimental. Com a projeção na tela, as pessoas podem ver o que faço no meu iPad: a poesia visual aparece e desaparece, o texto evolui para rabiscos e desenhos abstratos. A evolução paralela do ritmo visual e sonoro lembra as ondas da água transbordante e a progressiva invasão do território. A atenção do público será atraída alternadamente para a tela de projeção, para a fala no microfone ou a escrita e o desenho no tablet.
A biodiversidade, incluindo a humana, está ameaçada. A crise climática e o desastre natural evocados na obra representam uma chamada à ação para conter a crise ambiental. Na verdade, a crise climática é uma das questões sociais e políticas mais importantes do nosso tempo porque a sobrevivência dos seres humanos e dos seres vivos está em jogo.


Gray Hairs
Terhi Marttila (Independent artist-researcher)

A mulher à minha frente no autocarro tinha cabelos pretos e escuros. Eu estava hipnotizada. Mas, de repente, percebi que o cabelo dela estava pintado. Assustada, comecei a inspecionar os outros passageiros, e percebi que a grande maioria das mulheres tinha pintado o cabelo. Mulheres jovens, mulheres velhas, e pensei: porquê só as mulheres?

Gray hairs (Cabelos grisalhos) é um poema interativo ou uma série de fragmentos sobre a prática generificada de pintar o próprio cabelo. A leitura progride “arrancando” os cabelos grisalhos na tela, o que vai fazer com que voltem ao preto. Por um momento, pelo menos. Por fim, o envelhecimento prevalece e deixa-nos com uma tela vazia, em branco.

Através da sua forma computacional, a obra ressalta assim a natureza linear e inevitável do processo de embranquecimento e envelhecimento. Podemos escolher arrancar ou pintar, ou não fazer nem uma coisa nem outra, mas em ambos os casos morreremos. Entre a juventude e a morte, há um espaço em que o envelhecimento assoma e inquieta uma mulher que vive os primeiros sinais dessa lenta transição.

Nesta performance, Terhi Marttila faz uma leitura ao vivo de sua obra Gray hairs, acompanhando a leitura em voz alta à frente da tela.


An Island of Sound
J. R. Carpenter (University of Southampton), Jules Rawlinson (University of Edinburgh)

Desde o período clássico até ao início da era moderna, abundam as histórias de ilhas distantes habitadas por demónios, diabos, espíritos malignos e todos os tipos de criaturas aladas. As sereias atraíam os marinheiros para o naufrágio com vozes cantantes. O espírito Ariel conjura uma tempestade. São histórias que nos contamos para dar sentido ao vento. De que modo as possibilidades do texto variável da literatura digital e a espacialidade do som se podem combinar por meio da performance ao vivo, para aproveitar a força emotiva, psicológica e elementar dessas histórias antigas e assim para abordar a atual crise climática?

An Island of Sound é uma nova obra para leitura no browser que explora a noção de que as ilhas fantasmas, que apareceram nos mapas do Atlântico Norte no momento da interseção entre o imperialismo e a Pequena Idade do Gelo, são, em parte, fenómenos climáticos. Isto é feito através de um conjunto de imagens encontradas, textos gerados por algoritmos, performances ao vivo e som. O som oferece maneiras de representar, experimentar e negociar material escrito, falado e visual que pode ser especulativo, fictício ou factual, emotivo, informativo e retórico. O mundo sonoro criado para a performance ao vivo proposta para este trabalho responde, suporta e transforma as imagens visuais e textuais. O mundo sonoro é informado pelo caráter cinético, emergente e sistémico do movimento do vento em diferentes escalas, velocidades, camadas e dinâmicas. Gravações de campo, som sintético de vento, fluxos de amostras generativas e processamento de som orientado por dados são colados e combinados com palavras faladas para criar narrativas sonoras ambíguas e mutáveis e ressonâncias espectrais.

LINKS:


14 July 2023, TAGV, 9:30 p.m.


Versifying Engagement in the Metaverse: A Performance of Work by @theVERSEverse
Christian Bök (Independent Scholar), Sasha Stiles (Independent Scholar), Ana María Caballero (University of Miami), Lillian-Yvonne Bertram (Northeastern University)

Esta performance mostra as interpretações multimédia da poesia dos membros do @theVERSEverse — um coletivo de poetas, fundado em 2021, por Sasha Stiles, Ana María Caballero e Kalen Iwamoto (com uma associação que inclui poetas como Christian Bök e Lillian-Yvonne Bertram, entre outros). Bök é um dos fundadores do Concetualismo (o movimento literário que explora os ‘casos-limite’ da escrita após o advento da Internet). Neste evento, Bök introduz as performances de três autoras que demonstram as possibilidades para a poesia da Web 3.0 na esteira da Web 2.0. O coletivo argumenta que tanto as inteligências artificiais quanto os algoritmos generativos podem agora desempenhar um papel na democratização e diversificação da arte (dando espaço a autores muitas vezes marginalizados, se não mesmo silenciados, e “superando divisões” entre culturas).


The Poet vs The Machine” live performance
Marcos De La Fuente (Poetry+AI=ART), Maria de Los Angeles Martinez Estevez (Poetry+AI=ART), Ismael Faro (Poetry+AI=ART), Alec Ekvall (poem + ai artistic collective)

Ultrapassar barreiras linguísticas é um problema difícil tanto para os seres humanos como para a IA, mas a utilização da IA oferece várias estratégias que podem ajudar. A cadeia de voz Poesia-IA é uma instalação de arte interativa que usa inteligência artificial para gerar poesia por meio de reconhecimento de voz e resposta.

Uma das abordagens da escultura é a Poesia multilíngue, a IA responde a entradas de voz em várias línguas, permitindo que os visitantes se envolvam com a instalação na sua língua nativa. Isso cria inclusão e acessibilidade para pessoas que podem não falar a mesma língua do autor ou dos visitantes da instalação.

Outra abordagem é a Poesia Colaborativa, que convida os visitantes a usar como input as suas próprias frases ou palavras, permitindo que a IA gere poesia que ultrapassa as barreiras linguísticas e cria novas oportunidades de ligação e expressão.

Como funciona? O visitante deve sussurrar uma frase para qualquer uma das cabeças, a cabeça que receber esse input gerará uma frase, que será dita em voz alta. Essa frase falada servirá depois como os dados de entrada para a próxima cabeça, que gerará em seguida a sua própria frase. A repetição iterativa do processo criará o poema.


The Living Book of Living Portraits of Mom
Carolina López Jiménez (independiente)

É uma obra de arte performative derivada de www.retratosvivosdemama.com. O Living Book nasceu graças a uma história de família chamada a encarnar num corpo e numa voz concreta: a filha-narradora-personagem que tirou da cave o segredo que, em vida, sufocava a mãe. O Living Book tem sido a forma de a filha reparar o silêncio que asfixiava a mãe e que quase a afogou também. A filha decidiu contar esta história na esperança de que algum dia, em todos os cantos do mundo, as mulheres tenham garantida a liberdade e a autonomia para fazer escolhas que afetam os seus corpos e projetos de vida sem serem julgadas ou sitiadas.

A obra performativa consiste na escrita oral in situ, construída a partir de depoimentos e materiais do arquivo da família. A filha-narradora-autora torna-se num livro vivo (corpo senciente), que processa a sua dor perante um público que ouve (e também sente) para dar espaço e iluminar uma história nebulosa ocorrida em 1976 numa aldeia distante na Colômbia. Uma história que abre uma reflexão sobre as condições que, mesmo hoje, muitas mulheres devem passar quando tomam decisões sobre os seus corpos e os seus projetos de vida. O que encontraríamos se investigássemos profundamente quem foram as nossas mães? Antes de se tornarem mães? Que coisas foram escondidas ou silenciadas, e o que nos seria revelado sobre o presente ou sobre nós mesmos? A verdadeira mudança social não será possível se não curarmos as feridas que o patriarcado deixou nas nossas antepassadas e em nós mesmas.


An Apartment Building in July
Aidan Walker [online] (Columbia University), Jacob Hall (Independent Researcher)

Um poema em hipertexto que descreve três pessoas que moram, em julho de 2021, num prédio nos Estados Unidos da América, e as formas através das quais objetos e processos inanimados os ligam uns aos outros. Cada uma das três pessoas julga que está sozinha, mas as suas histórias estão ligadas por processos naturais, eventos mediáticos e objetos inanimados que funcionam também como as ligações que unem o hipertexto.

A intenção da peça é fazer com que as hiperligações não sejam apenas um meio de conduzir um leitor por uma travessia, mas torná-lo parte integrante do próprio conteúdo. Para conectar os três protagonistas vizinhos (um conservador aposentado e deprimido, um doutorando isolado, um jovem motorista da Uber), imagino-os a escutar a mesma auto-estrada, olhando para o mesmo site ou observando o mesmo pássaro, e são essas conexões que se tornam a hiperligação que leva o leitor do mundo de uma pessoa para o mundo do seu vizinho. Cada um dos três vive na sua própria bolha mediática e política, mas quero demonstrar como essas bolhas são porosas, embora muitas vezes não tenhamos consciência disso. Ao focar-me nas infraestruturas, nos media e no ambiente, quero usar o hipertexto para contar uma história sobre essas três pessoas que nem transcende nem reforça a diferença, mas ilustra como ela existe inserida num ecossistema.
O texto encontra-se publicado online num site, clique neste link para visualizar: https://wordways.us/apartment/


Diamonds
Caitlin Fisher (York University)

É um poema gerado computacionalmente, uma peça fractal construída com uma cadeia de Markov, a partir de fragmentos da poesia da autora, criados ao longo da última década, que tratam questões em ressonância com o tema da conferência deste ano: questões sociais de forma mais ampla, mas especificamente a identidade sexual e de género, a construção geracional da comunidade e sua perda, o desejo e diferença. O resultado é tanto um poema longo quanto a reimaginação de um arquivo de poesia lésbica sob a forma de literatura eletrónica.