O Inventivo Bartolomeu de Gusmão, “Padre Voador”, Aluno da Universidade de Coimbra

AB

Ana Maria Bandeira

Arquivo da Universidade de Coimbra

No final de julho (não há indicação de mês, mas, habitualmente, eram feitas as reuniões das informações no final de julho ou início de agosto) de 1720 “na salla da Universidade”, certamente a Sala dos Capelos, teve lugar a reunião para a atribuição das informações gerais, ou informações finais, do ano letivo de 1719-1720.

Quando se matriculou na Faculdade de Cânones, em 1 de dezembro de 1708, com o nome de Bartolomeu Lourenço, já como sacerdote, desconhecia-se, ainda, a célebre figura em que se tornaria, no ano seguinte, devido ao prodigioso invento de um aeróstato, recebendo, por isso, o epíteto de “padre voador”. Era o primeiro balão de papel que se ergueria no ar, sem fazer grande voo, tendo recebido do Rei D. João V a exclusividade da construção de “máquinas voadoras”. A primeira apresentação pública, feita em Lisboa, no Palácio Real, não teve sucesso e o balão ardeu, sem ter feito qualquer voo. Só numa segunda tentativa, em 8 de agosto de 1709, se ergueu no ar, em voo de 4 metros de altura. A ”passarola voadora”, de que se conhecem diversos desenhos e gravuras, não seria mais do que um projeto que o engenhoso inventor nunca chegou a construir.

O período em que esteve ausente da frequência universitária, entre os anos de 1710 a 1717 ficou a dever-se a ausências para o estrangeiro, no sentido de aperfeiçoar os seus conhecimentos aerostáticos.

Regressado à Universidade, viria a obter o doutoramento na Faculdade de Cânones, em 16 de junho de 1720.

Dois outros estudantes brasileiros, seus contemporâneos, figuram na mesma folha de registo de informações finais. São eles o Padre Vicente Correa Gomes, de Pernambuco e o Padre José Ferreira de Abreu, do Rio de Janeiro.

No final da atribuição das informações finais (vide fl. 50v) encontram-se as assinaturas de quem presidiu à reunião: o Reitor Pedro Sanches Farinha de Baena e os lentes Manuel Borges de Cerqueira, Francisco de Almeida Cayado, Manuel da Gama Lobo e Giraldo Pereira Coutinho.