Fascínio pelos Objetos Recolhidos nas Viagens Filosóficas

MF

Matilde Sousa Franco

A Associação Portuguesa de Museologia (APOM) realizou em Coimbra, em 1979, o Colóquio “Museus Universitários”. Durante o decorrer deste evento, visitámos os Museus da Universidade de Coimbra e maravilhei-me sobretudo com as coleções provenientes da mais importante expedição portuguesa, a Viagem Filosófica à região da Amazónia, realizada por Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792).

Este destacado naturalista português, formado na Universidade de Coimbra, enviou, ao longo de anos, para Portugal, várias remessas de milhares de objetos e espécimenes dos territórios percorridos e estudados no Brasil.

Posteriormente, como colaboradora do Museu da Academia das Ciências de Lisboa, entre 1996-2003, voltou-me o fascínio pelas coleções e memórias da Amazónia recolhidas por Alexandre Rodrigues Ferreira, que se encontram preservadas no Museu da Academia e a vontade de melhor as estudar.

Voltei aos museus universitários de Coimbra, desloquei-me a Paris, ao Brasil, o que me permitiu reforçar o conhecimento sobre esta importante expedição e dar corpo à apresentação da comunicação “Novas Descobertas do Brasil com o Iluminismo. O Doutor Alexandre Rodrigues Ferreira e outros Viajantes Científicos”, apresentada na Sessão Extraordinária Comemorativa do Aniversário do Achamento do Brasil, realizada na Academia Portuguesa da História, em Abril de 1999.

Das coleções da Academia das Ciências de Lisboa, merecem-me especial atenção: Máscara-elmo cabeça de porco-do-mato, da extinta etnia Jurupixuna, em fibra vegetal e entrecasca pintada; Vaso de barro, com figuras de lagarto em relevo e o Colar com vértebras, sucuri.

Gostaria de chamar a atenção para as 27 máscaras Jurupixuna (14 na Academia das Ciências de Lisboa e 13 na Universidade de Coimbra), artefactos únicos e bem expressivos da cultura da Amazónia do século XVIII.