A visita régia de D. Luís e D. Maria Pia à Universidade de Coimbra, em 1882

AB

Ana Maria Bandeira

Arquivo da Universidade de Coimbra

Os monarcas, D. Luís e D. Maria Pia, chegaram à estação de comboio de Coimbra em 2 de agosto de 1882. Esta viagem de comboio tinha como finalidade a inauguração da linha férrea da Beira Alta, perfazendo-se este ano o 140.º aniversário dessa linha ferroviária. Na estação de comboio de Coimbra, esperavam já a comitiva real o Reitor da Universidade, com o Conselho de Decanos, o Conselho do Distrito, a Comissão Distrital, o Bispo de Coimbra, a Câmara Municipal e o General da Divisão Militar.

Nesse mesmo dia, o Visconde de Almeidinha, João Carlos do Amaral Osório e Sousa, então Governador Civil de Coimbra, enviou um telegrama ao Presidente do Conselho de Ministros, dando conta da chegada de Suas Majestades e Altezas, o Príncipe D. Carlos e o Infante D. Afonso1. O dito telegrama refere que “afluiu muito povo e todos victoriaram os Reaes Hospedes que a esta hora ficam nos Paços Reaes das Escholas”.

Em números redondos, as “Pessoas Reais” e sua comitiva, totalizavam 20 pessoas. Ficaram acomodados no andar nobre do Paço das Escolas, em salas e quartos, também em quartos da ala de S. Pedro e no gabinete do Reitor.

A comitiva de acompanhantes era formada por Damas ao serviço da Rainha, o camarista do Rei, três Ministros, o médico de Suas Majestades, dois ajudantes e um oficial às ordens do Rei, o ajudante e o perceptor do Príncipes e três secretários dos ministros.

Podem ainda referir-se outras 16 pessoas, como criados, ao seu serviço: cabeleireira da Rainha, criados particulares do Rei e dos Príncipes e criadas das Damas da Rainha.

O Paço das Escolas continuava assim a ter as funções iniciais das pedras basilares do seu edifício: ser um Paço Real. Aqui se instalavam os monarcas quando vinham a Coimbra, em visita à cidade ou, apenas, de passagem.

Este simples apontamento, revelador da distribuição de pessoas no Paço, juntamente com um outro, com o desenho da localização dos quartos, permitem-nos conhecer pormenores desta visita que ficariam diluídos no tempo … “verba volant, scripta manent” …

1 A raridade da sobrevivência destes telegramas, até hoje, existentes no acervo do AUC, permitem reconstituir a visita a Coimbra e, juntamente com pequenos folhetos de apontamentos, reconstituir informações sobre a permanência dos ilustres visitantes na Universidade.