Esta coletânea de textos foi publicada postumamente, pois o autor tinha morrido a 5 de dezembro de 1949, de cancro do pulmão, aos 40 anos. Ameaçada pelos Serviços de Censura, a Sociedade Editora Norte (SEN) justificou-se: «aquele livro não é mais do que uma compilação de contos, entrevistas a jornais e escritos diversos em que a publicação original [em jornais] foi submetida a censura prévia», mas esta justificação não impediu o Diretor de ameaçar com o encerramento da editora.
«Daí a pouco, quando um senhor muito bem posto retomou a conversa, é que ela viu que era a sério.
- … Recebe trezentos mil reis, e nós ficamos com o rapaz.
(…) Bem certo é que ali não passaria de maltrapilho e nem à escola iria. Sete anos feitos, ala para o campo para ganhar o pão que escasseava em casa. Depois, seria operário como o pai, se arranjasse lugar na fábrica, ou cavador como tantos.
- Queres ir co’aqueles senhores, Toino?
Rosinda deixava que o filho resolvesse por ela. Mas o garoto sorriu-se, sem compreender que o seu destino se jogava na resposta. A mãe que tomasse a decisão. E tomou-a, quando as sombras da tarde, acompanhando-a pela encosta da serra, convidavam a recolhimento, e o silêncio daquela hora era feito de mil vozes interiores. (…)
… E entregou o filho.» (p. 47, 48)