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Fátima : cartas ao Cardeal Patriarca de Lisboa

de Tomás da Fonseca

Publicado fora de Portugal, no Rio de Janeiro, os exemplares desta obra que aqui chegaram foram distribuídos clandestinamente. Numa obra recente diz-se que «Tomás da Fonseca parece ter sido o autor português mais castigado pela Censura – pelo menos entre os que fazem parte deste catálogo, onde consta uma dúzia de títulos seus, dos quais nove têm expressa a menção de proibidos» (Seiça2022, p. 78).

PROIBIDO DE CIRCULAR

Ouve aqui denúncias claríssimas da repressão, lidas por Alexandre Silva (Bonifrates)

«Impostos a Portugal [estes governantes], não pelo voto livre do seu povo, que não quiseram ouvir, mas pela força das armas, de que dispunham amplamente, só uma coisa falta para a total supressão da liberdade — a Inquisição. Mas se a não /p. 255/ puseram em vigor, com toda a velha aparelhagem e fogueiras, deram-nos coisa até certo ponto equivalente — o Santo Ofício… sem efusão de sangue, que confiam, como outrora, aos agentes do Estado [Nota dos Editores: Para ser mais claro: à Polícia de Informação e Defesa do Estado, que prende, tortura, mutila e deporta, para morrer no campo-de-concentração do Tarrafal, aqueles que a Santa Madre Igreja aponta como hereges.]. Um dos seus grandes auxiliares é a censura prévia à imprensa, cuja atuação é não só humilhante, mas cruel (…) por ter em suas mãos os cordelinhos que movem a secção onde maiores estragos se tem feito. Outra grande conquista que a Igreja Católica só aqui alcançou: o monopólio da tribuna, da cátedra, da imprensa livre de censura e da liberdade de reunião a qualquer hora, em qualquer lugar — claro está — a consequente supressão de todas essas regalias aos que se não sujeitam à tutela de Roma.» (p. 254-255)