PROIBIDO DE CIRCULAR
Ouve aqui um excerto da obra, lida por Margarida Sousa (O Teatrão)
«— (…) Que irão pensar de si, ao saber-se que parte sozinha para Paris?
— O que os outros pensarem de mim não me interessa. Apenas me pode interessar o que o Dr. quiser pensar. Mas, sabendo-o meu amigo e uma pessoa inteligente, e conhecendo-me melhor que qualquer outro, não acredito que possa pensar que eu procedo mal ao querer realizar o meu sonho de ir a Paris. De resto, estou farta de ser escrava do ‘diz-se’, dos falsos e hipócritas preconceitos que nos acorrentam à vida e servem só para nos darem falsas ilusões!
— Que fôlego!... Onde é que a calma e discreta Mariana foi buscar todas essas ideias?
— Não me diga que também me vai acusar de ser comunista, só pelo facto de querer pensar pela minha cabeça e não pela cabeça dos outros... Parece-me que a última moda é chamarem-nos comunistas quando temos ideias pessoais, e não aceitamos o que se classifica de ‘as conveniências’ ou o ‘costume’. Com franqueza, como se uma ida a Paris pudesse ser considerada um crime!... Como se viajar sozinha não fosse menos inofensivo do que se partisse daqui acompanhada!..». (p. 22-23).