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Vagão "J"

de Virgílio Ferreira

O romance «neorrealista» de Vergílio Ferreira foi submetido à Censura, foi proibido pela Comissão logo em 9 de março de 1947 e os exemplares disponíveis mandados apreender e inutilizar. São hoje bastante raros os exemplares da primeira edição desta obra, saídos na Coimbra Editora, porque a quase totalidade dos 1 100 livros impressos foram destruídos.

PROIBIDO DE CIRCULAR E OS EXEMPLARES DESTRUÍDOS

Ouve aqui os argumentos do censor, lidos por José Geraldo

Excertos da análise do censor Capitão Borges Ferreira:

«Parece que o autor esteve em qualquer vila ou aldeia, e escolheu para protagonista do seu romance a família mais asquerosa do povoado — a família Borralho. É uma família de degenerados, sem escrúpulos, sem dignidade. Constituída por pai, mãe e muitos filhos, dormindo todos no mesmo quarto, em que os pais têm relações sexuais diante dos filhos, sem o mais leve pudor (…) De vez em quando o autor salienta a questão social, pondo em destaque a diferença entre ricos e pobres e mostrando bem o rancor que se apodera dos segundos pelos primeiros, quando postos em presença uns dos outros.(…) Em vista do exposto, sou da opinião que o livro não deve ser publicado.»