A Arte de Voar

JO

Joana Cabral Oliveira

Jardim Botânico da Universidade de Coimbra

São muitos os que associam às plantas a total imobilidade. Fixas ao solo, pelas suas raízes, aí vivem onde a semente germinou. Mas será esta impossibilidade de se deslocarem do local onde nasceram sinónimo de total imobilidade?

Aprendemos que o movimento distingue as plantas dos animais, e por isso os movimentos rápidos da Mimosa pudica causam tanto espanto e surpresa aos que pela primeira vez a descobrem. Sem falar das dioneias, plantas carnívoras que fecham as suas folhas modificadas em armadilhas, de forma a capturar as suas presas.

Dirão os leitores que são exceções, mas que concedem os movimentos lentos das plantas, das suas raízes no solo em busca de água e nutrientes, ou o caso do girassol famoso pelo seu heliotropismo, ou seja, o seu movimento em direção ao sol. Mas de voar, serão estes seres vivos incapazes. Pois enganam-se. A verdade é que as plantas, antes de se fixarem, podem voar.

Verão. Altura de calor, e de observar os frutos que crescem nas árvores à nossa volta. Reparemos nos jacarandás, tão comuns nas nossas cidades. Depois de se vestirem com as suas bonitas flores lilás, surgem agora os seus frutos em forma de castanhola. No seu interior, guardam sementes – portadoras do embrião de uma futura planta – preparadas para planar no vento, procurando o melhor local para germinar. São as chamadas sementes aladas, com pequenas asas que lhes permitem melhor aproveitar o vento, de forma a procurar o local ideal para germinar.

Mas não são apenas as sementes a poder ter asas no Reino Vegetal. As sâmaras são frutos secos que, quando maduros, não abrem para libertar a semente e que apresentam prolongamentos em forma de asa. É o caso dos áceres.

Veja que outros exemplos consegue encontrar num próximo passeio ao Jardim Botânico, e descubra mais sobre o fascinante mundo das plantas!