29/03/2023 - Patrícia João

A estudante de Doutoramento em Educação, Patrícia João, defende a sua Tese de Doutoramento no próximo dia 29 de março pelas 14e30 na Universidade de Aveiro.

14 março, 2023≈ 1 min de leitura

Resumo


A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com o intuito de criar metas alcançáveis até 2030, visando a melhoria da qualidade de vida no Planeta. Esta visão de futuro reflete a preocupação com o que resulta de um crescente desequilíbrio entre o que os cidadãos utilizam e os recursos disponíveis na Terra. Mas alcançar os ODS não depende apenas dos governos, também depende de todos os cidadãos, tendo as crianças e jovens um papel fundamental no apelo global à participação. A escola surge como uma parceira essencial para tornar a Agenda 2030 conhecida, incentivando, assim, todas as pessoas a participarem no desafio de atingir os ambicionados ODS.

Ao longo dos últimos anos tem havido um esforço significativo no sistema educativo português para integrar as diretrizes internacionais da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), nomeadamente as lançadas pela ONU, assumindo o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) numa perspetiva multidimensional e transversal, quer nos documentos curriculares, quer nos documentos de referência.

A Assembleia Geral das Nações Unidas votou, por unanimidade, o ano de 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT), enquadrado na Década das Nações Unidas para a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005- 2014). O AIPT teve como objetivo aproveitar o conhecimento existente de cerca de meio milhão de cientistas da Terra em todo o mundo e torná-lo mais disponível para a melhoria da vida quotidiana, conforme refere o subtítulo da iniciativa: Ciências da Terra para a Sociedade. “Solo - a pele da Terra” estava entre os temas científicos selecionados, e a promoção da extração sustentável dos recursos da Terra estava entre os objetivos da iniciativa. De facto, a temática “solos” é uma das questões das geociências que proporciona estreitas relações com a Agenda 2030, e o seu uso sustentável é fundamental para o cumprimento de diversos ODS. Implica, para isso, uma boa colaboração entre profissionais de vários setores, nomeadamente, políticos, engenheiros, investigadores, técnicos e outros profissionais das áreas relacionadas com o solo (direta ou indiretamente), para além de professores.

A presente investigação emerge destas preocupações e orientações. Através dela, pretendeu-se criar as condições para a coconstrução de um conjunto integrado de atividades e respetivos recursos didáticos, com uma visão progressiva, sistemática e sequencial sobre a temática “solos”, a implementar nas disciplinas de Estudo do Meio e de Ciências Naturais do Ensino Básico.

Nesta investigação optou-se pela abordagem metodológica designada por Educational Design Research (EDR). Assim, procedeu-se à contextualização da problemática, definiram-se as questões de investigação e organizaram-se as tarefas, segundo as fases e ciclos do EDR. Houve necessidade de se identificar e caracterizar o entendimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável presente nos documentos curriculares e alguns de referência do 1.o Ciclo do Ensino Básico (1.o ao 4.o ano), bem como dos documentos curriculares de Estudo do Meio e Ciências Naturais dos, 2.o e 3.o Ciclos do Ensino Básico, e posteriormente restringir esta análise à temática “solos”. Analisaram-se, ainda, as perceções do grupo de professores envolvidos na investigação sobre esses documentos curriculares e de referência, e sobre as suas próprias práticas educativas. Depois da análise destes resultados, emergiu uma proposta de reorganização dos documentos das Aprendizagens Essenciais do Ensino Básico para as escolas portuguesas.

Mas, para que as propostas de reorganização tenham impacto nas práticas dos professores, é fundamental dotá-los de recursos didáticos alinhados com as preocupações de DS e os solos. Uma das formas de o fazer é através da conceção e desenvolvimento de Programas de Formação Contínua (Oficinas de Formação, por exemplo), que auxiliem os professores nas suas práticas educativas. Neste contexto, organizou-se uma Oficina de Formação, no decurso da qual foi concebida, elaborada e validada uma sequência didática, com respetivos recursos sobre “solos”, para cada um dos nove anos de escolaridade, e que visa dar suporte a práticas de ensino experimental das ciências, numa perspetiva de EDS. Do trabalho desenvolvido resultou uma compilação de documentos, que se apresenta no final deste estudo.

Espera-se que os produtos gerados pela presente investigação possam ser inspiradores para outras temáticas e para outros contextos escolares integrados no sistema educativo português, o qual abarca, não só as comunidades escolares em Portugal, mas também aquelas que se orientam pelo mesmo currículo nos países lusófonos, nomeadamente: Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Macau (oficialmente Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China) e Timor- Leste.

Orientadores:

Ana V. Rodrigues (CIDTFF, DEP, UA)

Maria Helena Henriques (UC, CGeo, DCT)

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