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Projeto Exploratório de Investigação: GREENARTS

Apresentação

O projeto GREENARTS | GREEN PRODUCTION - PERFORMING ARTS IN TRANSITION é um projecto de Investigação & Desenvolvimento do CEIS20 - Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra, sob responsabilidade de Vânia Rodrigues (Investigadora Principal) e Fernando Matos Oliveira (Co-Investigador Responsável), financiado pela FCT.

Calendário: 2023 - 2024

Investigadora Responsável: Vânia Rodrigues (vania.rodrigues @ uc.pt)

Co-Investigador Responsável: Fernando Matos Oliveira (fmatos @ fl.uc.pt)

Investigador: António Ventura (venturamartins @ uc.pt)



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Resumo do projeto


A experiência coletiva da pandemia tornou as alterações climáticas mais visíveis e tangíveis do que nunca: a urgência de a enfrentar a partir de todos os setores da sociedade aumentou e as artes e a cultura não constituem exceção. No campo das artes performativas, artistas, produtores e decisores estão atualmente a lidar não apenas com as disfuncionalidades pré-existentes, mas, igualmente, a tentar renegociar a relação com o nosso anfitrião planetário (Latour, 2017). Tornar as artes performativas mais ‘verdes’ vem-se tornando, assim, uma área de ação, debate e investigação em franca expansão.

O Projeto GREENARTS olhará para as transformações que uma mudança tão colossal como a que é prevista pela transição ecológica pode provocar nas artes performativas.

Nessa busca pela transição ecológica, as artes têm sido sobretudo desafiadas a sensibilizarem os cidadãos para a gravidade da crise climática, uma vez que a sua capacidade de contar histórias, de oferecer narrativas que "tornam compreensíveis relações complexas entre (eco)sistemas interligados" (Skolczylas,2021:6) vem sendo confirmada pelas ciências comportamentais (Banerjee e Shreedhar, 2021). Por esta razão, esta capacidade narrativa tem sido o principal foco de campanhas públicas de advocacy, nas quais a cultura é muitas vezes retratada como "a ligação que faltava” à ação climática (Julie's Bicycle, 2021).

No entanto, se é verdade que assistimos, actualmente, à constante produção de relatórios e de manuais neste domínio, não é menos certo que a maioria das iniciativas atuais, bem como a literatura correspondente (em particular a se se dedica às questões ambientais a partir dos estudos de teatro/performance) apresenta uma série de vulnerabilidades:

(a) estão mais orientadas para instituições artísticas (adaptações de edifícios ou festivais) do que para a criação e produção artística independentes (Skolczylas, 2021: 9);

b) defendem abordagens pragmáticas, mas carecem de clarificação conceptual e de análise reflexiva;

c) concentram-se principalmente na própria forma teatral, prestando atenção às diferentes expressões e possibilidades interpretativas de um teatro ecologicamente consciente ou sublinhando o poder das narrativas artísticas, mas não tanto na alteração dos modos de produção das artes.

Inversamente, GREENARTS defende que, neste paradigma do "teatro da ecologia", as experiências teatrais ecológicas devem também ser exploradas em termos dos seus modos específicos de produção. Se as abordagens "temáticas" e "eco-poéticas" (Sermon, 2017) se mantêm indispensáveis, a nossa investigação aponta para a necessidade de abordar criticamente a "ecologia operacional" (Bilabel, 2021), ou seja, elementos como a escala, orçamento, recursos materiais, planos de difusão, cenografia, ou viagens. Com base na nossa investigação anterior sobre a posição crucial dos produtores criativos e gestores de artes no modi operandi das artes performativas (Rodrigues, 2022), afirmamos que os aspetos 'pragmáticos' da produção artística não são, de facto, desprovidos de implicações estéticas (Sermon, 2017:12) - criação artística e os elementos de produção/gestão são profundamente interdependentes (Rodrigues, 2021; Sampaio, 2020, Kay, 2014) -, daí a relevância de se considerar a ecologia materialmente e não apenas metaforicamente (May, 2005:86).

Para além disso, GREENARTS postula que a articulação entre a produção teatral e as exigências ecológicas pode ser mais do que um fim em si mesmo. Concretamente, argumenta-se que a transição para um paradigma eco-responsável – e a incorporação de conceitos como a ecodramaturgia e a produção sustentável – pode ser imaginativamente traduzida em práticas criativas de produção e gestão das artes e que encerra mesmo o potencial de gerar novas ocupações no campo artístico.

Atividades


Estudo e Relatório

Relatório do Inquérito Práticas Ecológicas e Sustentáveis nas Artes Performativas em Portugal

Documento produzido no quadro de uma investigação mais ampla, que compreende uma pesquisa em torno das interseções entre os regimes de produção e de criação, e das transformações discursivas e práticas da produção artística face às crescentes exigências de sustentabilidade social e ambiental.

Implementação de um inquérito com o intuito de estudar os posicionamentos, práticas e necessidades de uma parte da comunidade artística em Portugal.

Apoio da DGARTES a esta pesquisa sob a forma de um Acordo de Cooperação Estratégica com a Universidade de Coimbra.

Parceiros: DGARTES

Mais informações aqui.


2ª Edição do Seminário Modos de Produzir - Artes Performativas em Transição

Seminário internacional que pretende refletir sobre a relação entre a produção e os diversos regimes de criação, prestando particular atenção aos discursos e modelos de trabalho emergentes e ao seu impacto nas formas de produzir e gerir projetos e instituições culturais. Cruzando o campo dos estudos artísticos com o campo híbrido da gestão e da produção cultural, serão apresentados contributos que documentam as transições que neste âmbito estão a acontecer no domínio das artes performativas, em vários contextos nacionais e internacionais.

Parceiros: Teatro Académico Gil Vicente

Mais informações aqui.


Colaboração com o projeto Europa-Criativa STAGES e parceria com o Teatro Nacional D. Maria II

A equipa realizou uma série de workshops com diferentes equipas (equipa de palco, técnica e de manutenção do edifício, departamentos informática, recursos humanos, comunicação e produção; bem como o conselho de administração e os directores artísticos) no Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII). Isto foi possível no âmbito da nossa colaboração no projeto financiado pela Creative-Europe STAGES - Sustainable Theatre Alliance for a Green Environmental Shift, onde implementámos e adaptámos o workshop "Getting into the Doughnut - the Sustainable Theatre".

Este workshop foi originalmente desenvolvido por Darious Ghavami do Centro de Competência para a Sustentabilidade da Universidade de Lausanne e do Théâtre Vidy-Lausanne. O TNDMII é um dos 12 teatros de referência que o implementaram. No caso português, foi feito ao abrigo de um Acordo de Cooperação Estratégica entre o TNDMII e a Universidade de Coimbra/CEIS20 - Centro de Investigação Interdisciplinar, responsável pelo projeto de investigação GREENARTS.

Parceiros: Teatro Nacional D. Maria II; STAGES


Colaboração no projeto de cooperação PLANT

Performing Life Akademia Network (PLANT) é um projeto transdisciplinar de dois anos que visa incentivar o desenvolvimento e a experimentação de práticas artísticas e curatoriais contextuais que cruzam as artes performativas, os bens comuns e a vida quotidiana.

Equipa

Vânia Rodrigues

Vânia Rodrigues é gestora cultural e investigadora. Para além de se dedicar à investigação, tem trabalhado como gestora, curadora e consultora para diversas organizações culturais, tanto na esfera institucional como junto de estruturas independentes nas áreas de planeamento estratégico, programação e gestão cultural, desenho de projectos e parcerias internacionais.

Doutorada em Estudos Artísticos – Estudos Teatrais e Performativos pela Universidade de Coimbra, com a tese “MODUS OPERANDI – Para uma redefinição das práticas de produção e gestão nas artes performativas” (com Distinção e Louvor). Licenciada em Estudos Europeus pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestre em Políticas Culturais e Gestão Cultural pela City University of London (com Distinção), em 2009.

Foi responsável pela estratégia, gestão e circulação internacional da companhia mala voadora, e pela co-programação do espaço próprio da companhia (2013-2018). Foi Assessora Estratégica da Artemrede (2014-2017), tendo conduzido os trabalhos de elaboração do seu “Plano Estratégico e Operacional 2015-2020” e co-coordenado a conferência internacional e a edição do livro ‘Políticas Culturais para o Desenvolvimento’. Exerceu funções de coordenação na Setepés-projectos artístico-culturais, tendo sido coordenadora de um amplo plano de formação profissional especializada para agentes culturais e consultora junto de várias organizações portuguesas, entre elas a EGEAC e o TNDMII em Lisboa ou o CCVF, em Guimarães. Participa em diversas redes internacionais do sector cultural e criativo e foi membro convidado do Conselho Municipal de Cultura do Porto (-Fev.2020). Intervém regularmente enquanto oradora e professora/formadora em gestão e produção cultural, planeamento estratégico e gestão de projectos, tanto em contexto académico como profissional. Foi curadora da Conferência “Navegar é preciso? Sentidos para a internacionalização da dança”, organizada pelos Estúdios Victor Córdon / OPART – Organismo de Produção Artística, e do Painel “Mobility and sustainability: challenges ahead for the performing arts”, integrado na Conferência de lançamento do Programa Europa Criativa 2021-2027, no quadro da Presidência Portuguesa da União Europeia (2021). Exerce pontualmente funções como perita independente em concursos nacionais e internacionais de apoio à criação artística, programação e cooperação internacional.

É autora de dois livros, “AS PRODUTORAS - Produção e Gestão Cultural em Portugal. Trajectos Profissionais” (2020) e “Modus Operandi – Produção e Gestão nas Artes Performativas” (2022).

Atualmente, é Investigadora Integrada no CEIS20 – Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra onde co-dirige o projecto de I&D Modes of Production – Performing Arts in Transition e Investigadora Principal no projecto exploratório FCT Greenarts, dedicado à reflexão acerca das intersecções entre os regimes de produção e criação, bem como aos discursos e práticas de produção artística sustentável.

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Ciência Vitae


Fernando Matos Oliveira

Fernando Matos Oliveira é Professor Associado no Departamento de História, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É Director do Programa de Doutoramento em Estudos Artísticos da Universidade de Coimbra, onde lecciona nas áreas de Teatro Português, Arte da Performance, Análise e Crítica do Espectáculo, Gestão e Produção Culturais, Hibridismo e Transdisciplinaridade nas Artes. Tem publicado ensaios sobre teatro, performance e literatura em várias revistas nacionais e internacionais (Performance Research; Theatre, Dance and Performance Training; Arti dello Spettacolo/Performing Arts Journal; Registres; Art Teatral; Sala Preta; Sinais de Cena; Revista de História da Arte; Colóquio/Letras; Santa Barbara Portuguese Studies).

Dirige a coleção “Dramaturgia” na Imprensa da Universidade de Coimbra e a secção portuguesa da rede EURODRAM (com Nuno M. Cardoso). É autor de “O Destino da Mimese e a Voz do Palco: O Teatro Português Moderno” (1997), “Teatralidades. 12 Percursos pelo Território do Espetáculo” (2003) e “Poesia e Metromania. Inscrições Setecentistas” (2008); editou números temáticos de revistas na área das artes, nomeadamente “Portuguese Performance Art” (Revista de História da Arte, Nº 6, 2017) e “Dramaturgies of Exile, Dramaturgies of Resistance” (Revista de Comunicação e Linguagens, Nº 50, 2019). Assegurou a coordenação editorial de diversas antologias e volumes coletivos: “Escritos sobre Teatro” (Cotovia, 2001) e "Poesia" (1998), de António Pedro; “O Melodrama” (CLP-UC, 1996); “Ensaios Ruminantes sobre a Obra Performativa de Patrícia Portela” (com Thiago Arrais, 2017); “Conceitos e Dispositivos de Criação em Artes Performativas" (2018); “Práticas de Arquivo em Artes Performativas” (com Cláudia Madeira e Hélia Marçal, 2019).

Diretor do Teatro Académico de Gil Vicente [ www.tagv.pt ] desde 2011, tem participado em diversas iniciativas culturais na área das artes performativas, nomeadamente em parceria com estruturas de criação (A Escola da Noite, Coletivo 84, Visões Úteis, TNSJ), redes de programação (Rede 5 Sentidos; École des Maîtres) e integrado concursos no âmbito da Fundação GDA e da DGArtes. Como director do TAGV tem vindo a promover a aproximação entre a pesquisa e a criação artística, acolhendo ciclos e projectos que colocam em contacto artistas, alunos e artistas-investigadores, nomeadamente nas actividades desenvolvidas no contexto do LIPA - Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas.

É Membro do Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20), onde integra grupos de investigação nas áreas do teatro, da performance e da produção cultural.

Perfil UC


António Ventura

António Ventura é etnomusicólogo, produtor cultural e investigador. Licenciou-se em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra em 2014, obteve o grau de Mestre em Música (especialização em etnomusicologia) em 2016 e o grau de Doutor em Música (especialização em etnomusicologia) em 2022 pela Universidade de Aveiro, sendo este último apoiado financeiramente por uma bolsa de 4 anos da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Foi investigador do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança (INET-md) (2016-2022), tendo participado em vários projetos e atividades académicas, nomeadamente nos projetos financiados pela FCT "A nossa música, o nosso mundo: associações musicais, bandas de sopro e comunidades locais (1880-2018)" (2016-2019) e "EcoMusic - Práticas sustentáveis: um estudo do pós-folclorismo em Portugal no século XXI" (2018-2021). Esteve integrado em equipas interdisciplinares e apresentou dezenas de comunicações orais e publicou em revistas especializadas nacionais e internacionais. É investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20) na Universidade de Coimbra, no âmbito do projeto exploratório GREENARTS.
Desenvolveu investigação na área da etnomusicologia, nomeadamente no concelho de Idanha-a-Nova, interessando-se também ativamente pelas práticas de canto coral na zona de São Pedro do Sul e Baixo Alentejo. As suas áreas de interesse científico são os processos de tradicionalização, patrimonialização e documentação da música popular ou tradicional. Paralelamente, interessa-se pela etnografia visual e pelo cinema documental como ferramenta de investigação científica e como meio de preservação de práticas, protagonistas e contextos culturais. Atualmente trabalha sobre a interseção Artes/Ecologia e por pelas diferente dinâmicas de sustentabilidade ambiental ligadas à produção cultural. É também músico e compositor tendo atuado em diversos países da europa com o seu projeto musical de garage rock Cosmic Mass.