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8º Colóquio Luso-Brasileiro de História e Culturas da Alimentação

26 - 28 outubro, 2022

Solo e clima constituem os elementos naturais indispensáveis à produção de bens alimentares. A natureza compõe-se também de formas de vida, de plantas e de animais, que servem de sustento. Este universo vital, que inclui a espécie humana, alimenta-se e é simultaneamente alimento, numa cadeia dinâmica de troca de recursos e de nutrientes, assente na diversidade e na interdependência proporcionadas pela natureza. A intervenção humana no meio ambiente transformou recursos espontâneos em bens alimentares domesticados, transformados e condicionados. Estes alimentos adquiriram o estatuto de comida e vão à mesa, mas continuam, em muitas circunstâncias, dependentes da escala natural: vão à mesa conforme o tipo de solos, os recursos hídricos, o clima, a estação do ano, a adaptabilidade das espécies. Nesse sentido, a natureza, mesmo domesticada, determina o que se come e ganha o estatuto de Senhora da Mesa.

​Entender o fenómeno alimentar na sua complexidade impõe que se interprete, na relação entre natureza e comida, os fatores responsáveis pela superação do nível puramente biológico do ato alimentar e a sua conceção como fenómeno cultural. Gosto, preocupação com a saúde, sustentabilidade, representações sociais, económicas, políticas, valores religiosos, preocupações filosóficas, éticas e estéticas acerca do que se come tornam a mesa lugar de um escrutínio para que concorrem todos os fatores culturais mencionados. Ou seja, a mesa, como espaço de encenação de normas, representações e valores, adquire o papel de Mestra da natureza.

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