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PORTUGAL 1973-2023: O que mudou? O que falta fazer?

Um ciclo de tertúlias dedicadas à observação das principais transformações ocorridas em Portugal nas últimas cinco décadas, em diversas áreas. O projeto deu razão a Fernando Pessoa: «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce» – entre janeiro e julho, a belíssima Sala de São Pedroacolheu sete sessões públicas, com o objetivo de comemorar – em ambiente fraterno, de tertúlia com elevado nível de qualidade – os 50 anos do 25 de Abril. Em cada uma das sessões havia um tema diferente e geralmente dois convidados de gerações distintas: um(a) com a experiência vivida da revolução, outro(a) nascido depois de 1974. As sessões realizaram-se sempre com lotação esgotada com meses de antecedência e, por isso, a BGUC assegurou a respetiva transmissão via Facebook. A iniciativa, pelo seu mérito, foi incluída no Programa Geral das Comemorações do 25 de Abril, que tiveram início em março de 2022.

Demografia e Ordenamento do Território

com Diogo Brochado de Abreu e Eduardo Anselmo de Castro

5 de janeiro de 2023

No caso da tertúlia sobre «Demografia e Ordenamento do Território», houve cinco temas que se destacaram: o decréscimo preocupante da taxa de natalidade e os números sobre o envelhecimento da população portuguesa; as tendências recentes da imigração e sua articulação com as respostas para os dilemas resultantes do ponto anterior; a necessidade de um planeamento antecipado e rigoroso das grandes opções nacionais, a todos os níveis (instrução, saúde, habitação, etc.); a importância da formação para empregos qualificados que garantam um investimento estrangeiro com bom retorno para Portugal; e a desertificação do interior do país (tema explorado, sobretudo, no debate). Impressionante, nesta sessão, foi a quantidade de informação estatística relevante e muito clara sobre os problemas analisados, e a capacidade de inscrever a sua análise num horizonte internacional muito amplo.

No caso da tertúlia sobre «Demografia e Ordenamento do Território», houve cinco temas que se destacaram: o decréscimo preocupante da taxa de natalidade e os números sobre o envelhecimento da população portuguesa; as tendências recentes da imigração e sua articulação com as respostas para os dilemas resultantes do ponto anterior; a necessidade de um planeamento antecipado e rigoroso das grandes opções nacionais, a todos os níveis (instrução, saúde, habitação, etc.); a importância da formação para empregos qualificados que garantam um investimento estrangeiro com bom retorno para Portugal; e a desertificação do interior do país (tema explorado, sobretudo, no debate). Impressionante, nesta sessão, foi a quantidade de informação estatística relevante e muito clara sobre os problemas analisados, e a capacidade de inscrever a sua análise num horizonte internacional muito amplo.

Cidadania e Direitos Individuais

com Boaventura de Sousa Santos e Cristina Roldão

9 de fevereiro de 2023

Na sessão sobre «Cidadania e Direitos Individuais» estiveram em evidência os seguintes aspetos: o contraste entre os progressos registados a este nível ao longo da História da Europa, por um lado, e noutras regiões do mundo (como a América ou a Africa), por outro; a atualidade das questões relacionadas com a igualdade (nomeadamente de género ou de raça); a evolução das lutas sindicais, hoje mais defensivas, em resultado da evolução global do modo de produção capitalista; a convivência (im)possível entre capitalismo e democracia; e os desafios tecnológicos do futuro, em particular os colocados pela Inteligência Artificial. A memória desta sessão inclui apenas uma das comunicações, mas em compensação está enriquecida com um texto de síntese sobre a evolução do conceito de «cidadania» desde a Grécia Antiga até à revolução liberal portuguesa, e suas sequelas.

Ser Jovem em Portugal

com Helena Roseta e Paulo Marques

9 de março de 2023

A tertúlia sobre «Ser Jovem em Portugal» tinha uma finalidade bem definida: discutir dois problemas nucleares – o acesso à habitação; e a precariedade laboral. Estes foram os temas analisados, numa perspetiva ampla, de recapitulação histórica das mudanças registadas a este nível ao longo dos últimos cinquenta anos, de diagnóstico da situação atual e até de evocação de modelos europeus, no que diz respeito à construção de um modelo de desenvolvimento que permita conciliar uma estratégia regulatória com a alteração do perfil de especialização da economia portuguesa (algo que seria muito importante para melhorar o acesso ao emprego por parte dos nossos jovens). Por feliz coincidência, a realização desta tertúlia coincidiu com a colocação em discussão pública, por parte do Governo, de um pacote de medidas sobre a habitação em Portugal.

Literacia, Cultura e Artes

com Abílio Hernandez e Maria Vlachou

13 de abril de 2023

O debate sobre «Literacia, Cultura e Artes» conduziu-nos pelos territórios fascinantes da alfabetização (num país que, no início da década de 1970, tinha 26% de pessoas que não sabiam ler nem escrever), da política cultural do Estado Novo, da escolaridade obrigatória, da democratização do acesso ao Ensino Superior, do tipo de ensino que ministramos (infraestruturas, ‘formatação dos alunos’), da importância crucial das artes como espaço único da liberdade e criação; mas também da relevância social da cultura, das políticas culturais (nacionais e locais), do associativismo, da formação de agentes e de públicos, dos critérios de avaliação do sucesso das iniciativas, das formas de divulgação dos eventos, da criatividade (não apenas ‘fruição’, mas também ‘criação’), dos hábitos culturais dos Portugueses e da urgência de práticas culturais mais inclusivas, entre outros temas.

Jornalismo, Fake News e Redes Sociais

com Clara Almeida Santos e Joaquim Furtado

4 de maio de 2023

Na sessão sobre «Jornalismo, Fake News e Redes Sociais», os nossos convidados ocuparam-se de tema como: a relação estreita entre Jornalismo e Democracia; a busca da verdade, a necessidade de ‘desconfiar’ antes de noticiar, a identificação das fontes; os constrangimentos, antes do 25 de Abril, a um jornalismo independente e não superficial; o impacto das inovações tecnológicas na transformação vertiginosa da comunicação social; os conceitos de fake news e de «pós-verdade»; os vários tipos de «desordens informativas»; o impacto social da notícia; a problemática das redes sociais e dos media digitais (com números impressionantes de descarga de vídeos no YouTube, fotografias no Instagram e posts no Facebook); a importância das fontes online em Portugal; a estandardização dos conteúdos informativos; e como lidar com os algoritmos (manipuladores) da Inteligência Artificial.

Saúde Mental e Envelhecimento

com António Leuschner e Margarida Pedroso de Lima

1 de junho de 2023

O evento sobre «Saúde Mental e Envelhecimento» evidenciou bem a articulação entre os dois temas. Falou-se do «estigma» associado à doença mental e ao próprio conceito de «idoso»; do que é realmente a «saúde mental» e das políticas internacionais das últimas décadas no sentido da sua promoção ativa; dos riscos da solidão e da relação entre sofrimento mental e pobreza; do papel da literacia e da proximidade na promoção do bem-estar mental; do desafio de identificar bem a causa de uma doença mental; e da relevância das políticas integradas de saúde, em especial para os mais velhos. Ao mesmo tempo, foram recordados os números da esperança média de vida e analisados os desafios sociais que isso implica; pôs-se em causa o conceito de «velhice» e lembrou-se que o envelhecimento é um fenómeno natural que se inicia com o nosso nascimento, donde a necessidade de acautelar boas práticas desde criança, na linha do preconizado pela O.M.S. (cf. «Década do Envelhecimento Saudável», 2021-2030).

Utopias: A Liberdade. O Tempo.

com André Barata e Manuela Cruzeiro

6 de julho de 2023

A tertúlia de encerramento, sobre «Utopias: A Liberdade. O Tempo», conduziu-nos aos conceitos de «revolução», de «memória» e de «utopia»; levou-nos a pensar o «tempo» e o uso que dele fazemos na «hipermodernidade» em que vivemos. Juntos, pensámos como contrariar a aceleração do ritmo das nossas vidas, que nos impede de viver em plenitude. Também se falou da recriação de lugares «habitáveis», capazes de enraizar «hábitos», e das implicações sociopolíticas que isso tem, em termos de políticas de promoção da estabilidade profissional e da habitação que evitem que desertemos do nosso próprio país. A etimologia «lugar» reconduziu-nos, por fim, à revisitação da ideia de «utopia» (o «não lugar») e à importância que esta tem na reconstrução do nosso quotidiano: a utopia como ideal que conduz a nossa ação, que faz com que não deixemos de caminhar, por um país e um mundo melhores, em que sintamos … «a alegria de ser parte».